Tensão! Satélites brasileiros correm risco com anomalia magnética que deve atingir a Terra

Especialistas alertam para um perigo iminente que paira sobre os satélites brasileiros devido a uma crescente anomalia magnética que se aproxima da Terra. A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), um fenômeno identificado pela primeira vez na década de 1980, está assumindo proporções preocupantes, com seu epicentro agora centrado no Brasil.

Ricardo Trindade, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explica que a AMAS, uma região de enfraquecimento do campo magnético terrestre, tem migrado gradualmente em direção à América do Sul, aumentando em tamanho ao longo dos últimos cinco séculos.

De acordo com dados do governo norte-americano, a AMAS se desloca para o Oeste e já aumentou cerca de 7%. Os especialistas advertem que esse enfraquecimento do campo magnético pode resultar em danos significativos aos satélites em órbita.

Consequências da anomalia magnética 

Um dos papéis do campo magnético é proteger contra os ventos solares e a radiação cósmica, que podem ser prejudiciais tanto para as estruturas dos satélites quanto para os organismos vivos na Terra. Com a AMAS se expandindo, regiões do planeta ficam expostas a esses perigos.

Annibal Hetem, professor de Engenharia Aeroespacial na Universidade Federal do ABC (UFABC), destaca que além dos riscos para os satélites, a população em áreas afetadas também pode estar em perigo, exigindo medidas como o uso regular de protetor solar para se proteger dos efeitos nocivos da radiação.

Os astronautas em espaçonaves em órbita baixa da Terra estão entre os mais vulneráveis, assim como as estruturas de satélites de pesquisa e de telecomunicações. Tais satélites precisam ser desligados ou equipados com proteções especiais para resistir à radiação nas áreas desprotegidas.

Além disso, a anomalia magnética também pode impactar a funcionalidade das bússolas, causando distorções significativas na leitura das direções. Trindade observa que em São Paulo, por exemplo, a anomalia causa uma distorção de até 25 graus no sentido indicado pelo ponteiro da bússola.

Embora os serviços de GPS não dependam do campo magnético, animais migratórios que utilizam a geolocalização guiada pelo campo geomagnético podem ser afetados. O cenário cria preocupações adicionais sobre o impacto da AMAS em ecossistemas e padrões de migração animal, que podem ter a percepção afetada. 

Satélite brasileiro bate recorde 

O Satélite de Coleta de Dados (SCD), lançado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em fevereiro de 1993 como parte do programa espacial brasileiro, alcançou um recorde mundial em junho de 2023. Após 30 anos em órbita, o SCD-1 continua desempenhando suas funções, coletando dados ambientais por meio de uma rede de plataformas distribuídas pelo Brasil e transmitindo essas informações para estações terrestres em Cuiabá e Natal.

O recorde do SCD-1 foi alcançado em seu trigésimo aniversário, superando o satélite japonês Geotail, que encerrou suas operações em 2022. Adenilson Roberto da Silva, coordenador-geral de Engenharia, Tecnologia e Ciências Espaciais do Inpe, enfatiza a importância desse feito, destacando que o SCD-1 foi o primeiro satélite desenvolvido por uma nação em desenvolvimento. Ele observa que, devido à crescente complexidade e demanda por funcionalidades dos satélites modernos, é improvável que esse recorde seja superado tão facilmente, especialmente por um país em desenvolvimento realizando seu primeiro projeto espacial.