Cientistas apontam para novo risco de extinção para plantas com flores

Cientistas do Jardim Botânico Real de Kew, no Reino Unido, utilizando um modelo de Inteligência Artificial chamado Árvores de Regressão Aditivas Bayesianas (BART), estimaram o risco de extinção de 328.565 espécies de angiospermas, plantas com flores. Os resultados, publicados na revista New Phytologist, revelam que 45% de todas as espécies desse grupo, considerado o maior do mundo, podem estar sob ameaça.

Entenda porque os Cientistas estão preocupados

O BART foi treinado com dados de mais de 53 mil plantas da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, permitindo prever o risco de extinção para outras 275.004 espécies. O líder do estudo, Steven Bachman, destaca a importância de conscientizar a população sobre a biodiversidade das angiospermas. Espera-se que as previsões geradas pelo modelo incentivem ações locais de proteção.

O estudo aponta para a falta de mecanismos de avaliação de ameaças às espécies de plantas globalmente, destacando os impactos silenciosos da perda da biodiversidade na flora. As plantas desempenham funções vitais, como regulação térmica, sequestro de carbono e regulação do ciclo da água.

Paralelamente, um estudo publicado na revista Science revela uma Lista Vermelha das quase 5 mil espécies de árvores na Mata Atlântica. Treze espécies endêmicas foram classificadas como possivelmente extintas, e projeções sugerem que até metade da diversidade global de árvores pode estar ameaçada devido ao desmatamento.

Renato Lima, líder da pesquisa, destaca que 82% das mais de 2 mil espécies exclusivas da Mata Atlântica estão ameaçadas, o que classifica como um quadro geral preocupante. Espécies emblemáticas, como pau-brasil, araucária e palmito-juçara, estão entre as ameaçadas.

O estudo utilizou mais de 3 milhões de registros de herbários e inventários florestais, além de informações sobre biologia, ecologia e usos das espécies. As espécies endêmicas foram classificadas pela IUCN, evidenciando que 52% estão em perigo, 11% criticamente em perigo, e 19% na categoria “vulnerável”. Projeções indicam que entre 35% e 50% das espécies de árvores globalmente podem estar sob ameaça devido ao desmatamento.

O que fazer para frear a extinção dessas plantas

Os pesquisadores ressaltam a necessidade de medidas como a proteção em jardins botânicos, bancos de germoplasma e Planos de Ação Nacionais para evitar a extinção iminente de espécies. Projetos de restauração florestal também são recomendados, focando nas espécies mais ameaçadas da Mata Atlântica para estimular a recuperação de suas populações na natureza.

O estudo do Jardim Botânico Real de Kew fornece uma visão abrangente sobre o risco de extinção das angiospermas, enquanto a pesquisa sobre a Mata Atlântica destaca a urgência de ações para preservar esse hotspot de biodiversidade ameaçado pelo desmatamento. A proteção da flora é crucial para manter os serviços ecossistêmicos vitais para o equilíbrio do meio ambiente global.