Ciclone causa situação meteorológica jamais vista no Brasil

Os cientistas estão observando um fenômeno meteorológico atípico no Sul do Brasil nos últimos dias, com a região sendo afetada por dois sistemas climáticos distintos e simultâneos. Enquanto um ciclone tropical, originado no Sudeste e denominado Akará, ganha força em mar aberto, uma baixa fria vinda da Argentina tem trazido instabilidade para o estado gaúcho desde a semana passada. 

O ciclone Akará, segundo a Marinha do Brasil, está perdendo força em algumas áreas, retornando ao estágio de depressão subtropical. No entanto, o fenômeno ainda apresenta ventos de até 70km/h e ondas de até quatro metros, o que levou a Defesa Civil do Rio Grande do Sul a registrar a ocorrência de um tornado na cidade de Júlio de Castilhos na última segunda-feira, dia 19 de fevereiro, a cerca de 349 km da capital Porto Alegre.

Enquanto isso, a baixa fria, conhecida como vórtice ciclônico, tem causado instabilidade com chuvas isoladas em grande parte da região sulista. A Sala de Situação do estado destacou que a disponibilidade de calor e umidade, ocasionada pela passagem da baixa fria, foi responsável pelo desenvolvimento de tempestades isoladas no território gaúcho, embora não tenham sido reportados danos significativos por conta dos ventos na região.

Como deve ficar o tempo na região?

Conforme divulgado, o sistema de baixa fria ainda deve influenciar o tempo nos próximos dias, especialmente no Paraná e em São Paulo, podendo ocasionar chuvas fortes e temporais isolados, com a possibilidade de formação de nuvens funis, segundo previsão dos meteorologistas.

Por outro lado, a tempestade tropical Akará, que se formou na costa sudeste do Brasil, está se movimentando em direção ao sul do país. Apesar de não passar por nenhuma parte continental brasileira, atuando apenas sobre o mar, o fenômeno tem causado ressaca marítima e possibilidade de rajadas de vento moderadas no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A previsão é que o fenômeno comece a perder intensidade entre quarta e quinta-feira.

Informações adicionais sobre o ciclone

A Marinha do Brasil já havia alertado, na sexta-feira, dia 16 de fevereiro, sobre a formação da depressão subtropical, fase inicial de um ciclone subtropical em alto mar, a quase 230 quilômetros de distância da costa do Rio de Janeiro. 

O sistema passou para a categoria de tempestade tropical no domingo, dia 18 de fevereiro, sendo nomeado de Akará. Este fenômeno se diferencia dos ciclones extratropicais, mais comuns na região nos últimos meses, por ter uma estrutura mais quente, típica de ciclones tropicais.

Segundo o meteorologista Guilherme Alves Borges, da Climatempo, fenômenos como o Akará, que começam como subtropicais e depois migram para tropicais, são raros. Nos últimos 15 anos, o Brasil registrou apenas quatro tempestades tropicais, incluindo o Furacão Catarina em 2004, e as tempestades tropicais Anita em 2010 e Iba em 2019, todas no mês de março. O verão é uma época do ano comum para essas ocorrências.

A formação do ciclone subtropical em alto mar, mencionado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul em nota divulgada no último sábado, deve favorecer o aumento da nebulosidade na metade Leste do Estado, com ventos que podem variar entre 35 e 55 km/h na faixa litorânea. Os maiores impactos são esperados em alto mar, com ondas entre 3 e 5 metros e ventos intensos que podem passar dos 80 km/h.

As equipes da Defesa Civil e da Sala de Situação do Estado monitoram a evolução desses fenômenos e estão prontas para acionamento, caso necessário. Ainda não se sabe se o ciclone subtropical ameaça provocar estragos, já que ainda não é possível identificar o quanto ele irá se aproximar da costa. 

A maioria dos modelos de previsão não indica o sistema alcançando o continente, apenas se aproximando. O único modelo que aponta o ciclone atingindo a costa do Rio Grande do Sul é o da agência meteorológica japonesa.