Beneficiários do Bolsa Família podem receber contrato para trabalhar em obras
Empresários do setor da construção civil estão discutindo formas de atrair beneficiários do Bolsa Família para atuar em canteiros de obras sem que percam o direito ao benefício.
A proposta, que ainda está em desenvolvimento, busca flexibilizar as regras do programa social para que a transição ao mercado de trabalho seja mais segura e vantajosa para essa população vulnerável.
Beneficiários do Bolsa Família podem receber contrato para trabalhar em obras
A ideia de sugerir ao governo a contratação de beneficiários do Bolsa Família para a construção civil surgiu em meio a um cenário de alta demanda por mão de obra no setor.
Isso porque, atualmente, a construção civil está perto de atingir o recorde de empregos formais, com 2,9 milhões de trabalhadores registrados.
Apesar disso, empresas relatam dificuldades para encontrar novos profissionais capacitados, o que eleva os custos operacionais.
Essa escassez é vista pelos empresários do setor como um obstáculo que pode comprometer o ritmo de crescimento das empresas e do país.
Esses empresários acreditam que os novos valores que o Bolsa Família passou a pagar recentemente (R$ 600 + adicionais para menores de idade, gestantes e nutrizes) incentivam os beneficiários a evitarem aceitar empregos que possam elevar a renda familiar e suspender o recebimento do benefício.
Realidade dos beneficiários do Bolsa Família é diferente do que dizem empresários
No entanto, contrariando a visão de alguns desses empresários, dados mostram que muitos beneficiários do Bolsa Família já estão inseridos no mercado de trabalho.
Informações do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) indicam que 13,5% das famílias atendidas pelo programa têm pelo menos um membro com carteira assinada.
Além disso, grande parte dessa população exerce atividades no setor informal, como faxinas, jardinagem, ou pequenos serviços de construção, mas os rendimentos obtidos são insuficientes para sustentar suas famílias, o que os mantém dentro dos critérios para receber o benefício.
Esses dados evidenciam que a maioria dos beneficiários não depende exclusivamente do programa, mas enfrenta desafios para obter empregos formais com salários e condições que garantam uma vida digna, e é isso que os mantém recebendo o benefício.
Solução para a construção civil e independência financeira para quem é do Bolsa Família
Para transformar essa realidade, empresários do setor sugerem não apenas flexibilizar as regras do Bolsa Família, mas também oferecer condições atrativas para que essas pessoas façam uma transição gradual ao mercado formal.
Uma das ideias em discussão é a criação de campanhas que mostrem as vantagens de trabalhar no setor da construção, que já oferece salários competitivos.
Um oficial de carpintaria, por exemplo, pode ganhar mais de R$ 10 mil mensais em grandes obras, disse Rodrigo Luna, que é presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e sócio da construtora Plano & Plano.
Apesar das propostas dos empresários da construção civil, especialistas em políticas públicas destacam que a transição do Bolsa Família para o mercado de trabalho exige a garantia de segurança para as famílias vulneráveis.
A continuidade dos pagamentos de metade do valor do benefício por até dois anos após o beneficiário conquistar um emprego formal, já prevista em regras recentes, é vista como um avanço, mas poderia ser aprimorada com prêmios ou incentivos.
Além disso, os empresários são desafiados a melhorar as condições de trabalho e a oferecer capacitação, criando oportunidades que não apenas retirem essas pessoas da dependência do programa, mas que também garantam sua autonomia financeira de forma sustentável.