No ano passado, completou 10 anos da Operação Leite Compensado, operação que identificou a adulteração no leite de duas marcas famosas no Rio Grande do Sul. Neste caso, a Anvisa deu ordem contra ambas as marcas e os leites tiveram que ser retirados às pressas dos mercados.
Conforme divulgado pelo G1, o leite era adulterado de duas formas. A primeira era para melhorar a qualidade da bebida estragada e outra para aumentar o volume da carga, com adição de água. Dessa forma, a operação descobriu detalhes de como era feito, confira:
- Fraude de qualidade: adição de água oxigenada para equilibrar acidez de leite envelhecido
- Fraude fiscal: adição de água, para aumentar volume, e de ureia, para mascarar adulteração. A cada 100 litros de leite produzidos, eram acrescentados 10 litros de água e 1 litro de ureia.
“Tinha transportador de leite que chegou a adicionar, em um mês, 600 mil litros de água. Na época, era em torno de R$ 1 a remuneração [do litro] do leite cru. Então, o sujeito já estava angariando um patrimônio, de forma ilícita, bastante expressivo”, são as palavras do promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, que também é o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Os lotes eram do Leite UHT integral marca Parmalat — Produzido em Guaratinguetá/SP. A operação identificou 275 pessoas envolvidas nas irregularidades. Até o ano passado, 25 pessoas foram condenadas e 27, absolvidas. Os demais 223 réus aguardavam julgamento.
Atualmente, a indústria está mais rigorosa com a fabricação e uma legislação estadual regulamentou o setor de transporte e fixou regras de fiscalização nas etapas da cadeia produtiva, mudando a fiscalização dos produtos no estado.
Outro caso envolvendo laticínios
Recentemente, aconteceu um caso semelhante, mas em menor escala envolvendo laticínios. Os produtos lácteos da marca Natville foram produzidos sob condições inadequadas de higiene e sem as autorizações necessárias, levantando sérias preocupações sobre a integridade do processo de produção.
A descoberta veio à tona após uma inspeção do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na empresa Laticínios Santa Maria Ltda. A fiscalização revelou que diversos produtos foram fabricados de maneira irregular, comprometendo a confiança do consumidor e a segurança alimentar.
Segundo a Anvisa, a produção não seguiu as normas sanitárias exigidas e os produtos foram fabricados sem as licenças necessárias. Além disso, as informações nos rótulos não correspondiam à realidade dos produtos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Mapa identificaram que entre janeiro e maio de 2023, a Laticínios Santa Maria Ltda. produziu e distribuiu leite UHT e soro de leite em condições impróprias. Em resposta, a Anvisa suspendeu imediatamente a comercialização, distribuição e uso dos produtos envolvidos para evitar riscos à saúde dos consumidores.
Produtos afetados:
- Leite UHT integral Natville, embalagem de 1 litro, com datas de fabricação fora dos parâmetros aceitáveis.
- Leite UHT desnatado, em embalagens de 1 litro.
- Soro de leite em pó parcialmente desmineralizado 40%, em embalagens de 25 kg.
A Laticínios Santa Maria Ltda. iniciou um processo de recolhimento voluntário dos produtos afetados. O procedimento tem como objetivo mitigar os riscos e remover os produtos não conformes do mercado de maneira eficiente. Em caso de dúvida ou mais informações, os consumidores são orientados a entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) fornecido nos rótulos dos produtos ou diretamente através dos canais oficiais da empresa e órgãos de vigilância.