Cientistas indicam que La Niña pode chegar neste verão

A La Niña de 2024 mostrou-se um fenômeno atípico, desafiando as previsões de especialistas renomados, como os da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e do Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e a Sociedade (IRI). Esses institutos, dedicados ao estudo e à previsão de ciclos climáticos que afetam amplas áreas do globo, haviam estimado uma transição ágil do fenômenos climáticos, com o resfriamento das águas do Pacífico se estabelecendo já no início do último inverno austral.

Mesmo estando na segunda quinzena de novembro, com o ano prestes a terminar, a La Niña ainda não se concretizou de forma significativa. Segundo o IRI, as condições neutras das águas do Pacífico equatorial seguem predominando, contrariando as projeções iniciais. O ciclo natural entre os dois fenômenos e períodos de neutralidade costuma variar em duração, ocorrendo a cada dois a sete anos.

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Quando a La Niña chega?

O Centro de Previsão Climática (CPC) da NOAA divulgou recentemente uma atualização em suas projeções, apontando mais de 60% de probabilidade de que a La Niña se consolide no verão do Hemisfério Sul. As chances são particularmente altas nos períodos entre novembro e janeiro, bem como de dezembro a fevereiro.

Apesar disso, tanto o NOAA quanto o IRI projetam que, se o fenômeno se confirmar, deverá ser um evento breve, com as condições neutras retornando já no outono de 2025. Por ora, as águas do Pacífico equatorial continuam em estado neutro, e o alerta ENSO permanece classificado como “La Niña Watch”.

Impactos no planeta

É importante destacar que El Niño e La Niña integram um ciclo natural de variações de temperatura nas águas tropicais do Oceano Pacífico, influenciando tanto o clima quanto os padrões atmosféricos. O El Niño se manifesta pelo aquecimento da superfície do mar, com temperaturas que excedem 1,5 °C acima da média, enquanto a La Niña corresponde ao resfriamento dessas águas, com valores abaixo de 1,5 °C.

A La Niña está frequentemente associada a eventos climáticos extremos, como enchentes e secas, que impactam diretamente a produção agrícola em várias regiões, além de aumentar a atividade de furacões no Caribe. Enquanto provoca chuvas fortes e inundações em determinadas áreas, também pode gerar períodos de seca intensa em outras, intensificando as condições climáticas desfavoráveis à agricultura global.

Dale Mohler, meteorologista sênior da AccuWeather, observou que, “dado o início gradual dessa La Niña e sua previsão de permanência fraca, é provável que perca força entre o final de fevereiro e março. Consequentemente, o impacto nas colheitas tende a ser menos severo do que o habitual em fenômenos desse tipo.”