Venezuela fecha espaço aéreo para Argentina após confisco de avião pelos EUA

A crise diplomática entre Argentina e Venezuela atingiu um novo patamar após Caracas, capital venezuelana, anunciar o fechamento de seu espaço aéreo para voos saindo da Argentina. Dessa forma, a medida surge como resposta a um episódio envolvendo o Boeing 747 da Emtrasur, subsidiária de carga da Conviasa, empresa estatal venezuelana.

O caso já ganhou repercussão há alguns anos, ainda em 2022, quando autoridades argentinas reteve a aeronave ao aterrissar em Córdoba. Assim, a ação foi tomada em atendimento a um pedido de confisco dos Estados Unidos, alegando supostas ligações da aeronave com as Forças Quds, grupo de elite da Guarda Revolucionária do Irã. A tripulação, composta por cidadãos venezuelanos e iranianos, foi detida, enquanto o avião permaneceu sob análise judicial.

Por outro lado, em fevereiro deste ano, uma decisão judicial argentina determinou a entrega da aeronave às autoridades dos Estados Unidos, causando desconforto significativo ao presidente venezuelano Nicolás Maduro. As relações já delicadas entre os dois países, especialmente desde a ascensão ao poder de Javier Milei na Argentina, tornaram a situação ainda mais tensa.

A decisão da Venezuela 

Devido às divergências entre os dois países, o governo venezuelano, em ato de retaliação, anunciou o fechamento de seu espaço aéreo para operações vindas da Argentina. O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, emitiu declarações acusatórias, qualificando o governo argentino como “neonazista” e “submisso e obediente a seu amo imperial”. Além disso, acusou Buenos Aires de “atos de pirataria e roubo”.

“A Venezuela exerce plena soberania em seu espaço aéreo e reitera que nenhuma aeronave que provenha ou se dirija à Argentina poderá sobrevoar nosso território, até que nossa empresa seja devidamente compensada pelos danos causados”, afirmou o ministro venezuelano. Em contrapartida, Milei, economista ultraliberal, respondeu às acusações e chamou Maduro de um “socialista empobrecedor”.

A medida tomada por Caracas não apenas irritou as autoridades argentinas, mas também levantou preocupações práticas, uma vez que a principal companhia aérea argentina, a Aerolíneas Argentinas, depende do espaço aéreo venezuelano para várias de suas rotas internacionais, incluindo destinos nos Estados Unidos e na República Dominicana.

Diante dessa situação, o porta-voz de Javier Milei, Manuel Adorni, anunciou que o governo argentino planeja retaliar a decisão venezuelana por meio de “ações diplomáticas”. Ele enfatizou que a Argentina não permitirá ser extorquida por países com supostos vínculos com o terrorismo.

Até o momento, a Boeing, fabricante da aeronave envolvida no incidente, não emitiu comentários sobre o caso.