A Venezuela se encontra no meio de uma disputa por território ao reivindicar a região de Essequibo, uma área de 159 mil km² que oficialmente pertence à Guiana, mas que já esteve envolvida em conflitos anteriores com o Brasil. Recentemente, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, revelou um novo mapa que incorpora uma porção ao sul do território, que também já foi alvo de disputas pelo Brasil.
Essas disputas têm origens que remontam ao início do século 20. Naquele período, o Brasil cedeu parte de seu território à Inglaterra durante um conflito conhecido como “Questão do Rio Pirara”. A resolução dessa disputa levou à atribuição de dois terços da área em questão à Guiana, que assim obteve acesso à bacia do rio Essequibo.
Neste texto você encontrará:
Veja também: Lula aceita vitória de Maduro na Venezuela e descarta possibilidade de fraude
Briga pelo território
A situação é intricada, envolvendo antigas disputas entre diversas nações e falhas administrativas nas arbitragens internacionais. A demarcação original foi estabelecida pelo explorador britânico Robert Schomburgk, que havia adentrado território brasileiro. Tanto o Brasil quanto a Venezuela contestaram essa demarcação, mas a Inglaterra prevaleceu nas arbitragens, levando ao controle da região pela Guiana.
O conflito denominado “Questão do Rio Pirara” girou em torno da demarcação das fronteiras na bacia do rio Essequibo e era de grande relevância para ambas as partes, devido aos recursos naturais potenciais e à importância estratégica da região. As arbitragens internacionais determinaram que a Grã-Bretanha tinha direito sobre o território, levando à sua cessão à Guiana.
Naquele período, Joaquim Nabuco, um destacado diplomata brasileiro, desafiou a decisão da arbitragem. Ele apresentou argumentos sólidos contra o mapa que incorporava territórios historicamente brasileiros. Contudo, a decisão foi adiada para uma segunda arbitragem, que reiterou o veredicto original em favor da Grã-Bretanha.
Tensão entre Brasil e Venezuela
A recente tentativa da Venezuela de anexar a região de Essequibo suscita novas inquietações geopolíticas na área. O governo venezuelano está utilizando mapas que contêm erros históricos para apoiar suas reivindicações. O Brasil está acompanhando de perto a situação, pois isso pode afetar sua soberania nacional e as relações diplomáticas com outros países da América do Sul.
A tentativa da Venezuela de anexar a região de Essequibo apresenta implicações importantes para a geopolítica da região. Em primeiro lugar, existe o risco de um agravamento nas relações entre a Venezuela e a Guiana. Além disso, o Brasil, como potência regional, deve avaliar minuciosamente sua posição para salvaguardar seus interesses estratégicos.
Além disso, qualquer alteração no status de Essequibo pode ter um efeito cascata, influenciando outros tratados e acordos na região. A Organização das Nações Unidas (ONU) também pode ser convocada para intervir, mediando a disputa e prevenindo a escalada para um conflito armado.