Uso de antidepressivos aumenta entre trabalhadores brasileiros em 2023; entenda o caso

O uso de antidepressivos entre funcionários de empresas no Brasil aumentou significativamente no primeiro trimestre de 2023, comparado ao mesmo período do ano anterior. Este crescimento é evidenciado por um levantamento realizado pela Vidalink, empresa do setor de bem-estar corporativo, que analisou a compra de medicamentos de 196.677 funcionários em 250 empresas.

Este aumento no consumo de antidepressivos reflete uma tendência preocupante sobre a saúde mental dos trabalhadores brasileiros.

Brasileiros tomando antidepressivos aumenta.
Torcedores assistem ao jogo entre Brasil e Bélgica, pelas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia 2018, na Praça Mauá.Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Aumento no uso de antidepressivos e o perfil dos usuários

Os dados do levantamento mostram um aumento de 12% no uso de antidepressivos entre os trabalhadores. A faixa etária com maior adesão a esses medicamentos é a de 39 a 43 anos (19,8%), seguida pela faixa de 44 a 48 anos (16,5%). A maioria dos usuários são homens (51%) que trabalham em empresas com 300 a 1.000 empregados. Além disso, 17% desses usuários ocupam cargos de liderança, acima da gerência.

Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, destaca a importância de um acompanhamento mais completo do bem-estar dos funcionários por parte dos empregadores. Ele sugere que além da medicação, é essencial adotar uma abordagem preventiva, que inclui estímulo à prática de exercícios físicos, adoção de uma alimentação saudável e acompanhamento psicológico. González ressalta que apenas medicar os funcionários não é suficiente para tratar a complexidade dessa questão.

Desafios e soluções para a saúde mental no ambiente corporativo

A pesquisa também revela que os mais jovens, na faixa etária de 19 a 23 anos, são os que mais consomem medicamentos para a saúde mental (28,5%), enquanto os empregados com mais de 59 anos têm o menor índice de consumo (14,8%). A maioria dos medicamentos adquiridos (53%) é destinada ao tratamento da depressão.

Diante desses números, González enfatiza a necessidade de apoiar as novas gerações que estão entrando no mercado de trabalho e de quebrar o tabu sobre a saúde mental entre as gerações mais velhas. Ele sugere que as empresas devem promover uma “cultura de cuidado” que inclua atividades sociais, lazer, alimentação saudável e incentivo à prática de exercícios físicos para melhorar os indicadores de saúde mental.

Importância das iniciativas corporativas para a saúde mental

Uma pesquisa realizada pela Vidalink no primeiro semestre de 2023 com 8.900 respondentes revelou que 29% dos entrevistados não fazem nada para cuidar da saúde mental. No entanto, o estudo aponta uma boa notícia: o número crescente de organizações abertas à questão da saúde mental e preocupadas em subsidiar medicamentos e oferecer suporte psicológico aos funcionários. As funcionárias, por exemplo, são mais flexíveis para agendar sessões de terapia, com 17,3% delas utilizando essa alternativa, em comparação a 8,8% dos homens.

O Brasil lidera a prevalência de depressão na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com 5,8% da população sofrendo da doença, o equivalente a 11,7 milhões de pessoas. Esse cenário alarmante destaca a necessidade de iniciativas corporativas eficazes para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Implementar políticas de controle do estresse no ambiente de trabalho e promover uma cultura de cuidado são passos essenciais para combater esse problema crescente.