Ultraprocessados são ligados a risco 42% maior de sintomas depressivos, mostra estudo da USP

Um recente estudo sobre ultraprocessados conduzido pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens / USP) revelou uma associação preocupante entre o consumo desses alimentos e o risco aumentado de sintomas depressivos.

A pesquisa, publicada na revista científica Clinical Nutrition e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), analisou dados do Estudo NutriNet Brasil, que investiga os padrões alimentares e a saúde de milhares de brasileiros.

O estudo utilizou uma amostra de 15.960 participantes adultos que não apresentavam diagnóstico ou sintomas de depressão no início do acompanhamento. Ao longo do estudo, os participantes preencheram questionários periódicos sobre sua alimentação e estado de saúde.

Os pesquisadores observaram que indivíduos que consumiam uma quantidade significativa de alimentos ultraprocessados apresentavam um risco 42% maior de desenvolver sintomas depressivos em comparação com aqueles que consumiam uma quantidade menor desses alimentos.

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Ultraprocessados são ligados a risco 42% maior de sintomas depressivos, mostra estudo da USP 2

Impacto na saúde mental dos ultraprocessados

Os sintomas depressivos observados nos participantes que consumiam mais alimentos ultraprocessados incluem humor deprimido, sensação de fracasso, falta de prazer em atividades prazerosas, entre outros.

Surpreendentemente, o risco de desenvolver esses sintomas depressivos permaneceu mesmo quando a ingestão de frutas, verduras e legumes era semelhante entre os grupos, indicando que o consumo de alimentos in natura e minimamente processados não neutralizou os efeitos negativos dos ultraprocessados na saúde mental.

O estudo da USP também revisou pesquisas anteriores sobre o tema e constatou que outros estudos também encontraram associações significativas entre o consumo de alimentos ultraprocessados e sintomas depressivos.

Vale reforçar que essa é uma pesquisa conduzidas por diversos cientistas e que revelaram um risco médio de 32% maior de sintomas depressivos em indivíduos que consumiam uma quantidade maior desses alimentos.

Mecanismos potenciais

Embora os mecanismos exatos que ligam o consumo de ultraprocessados aos sintomas depressivos ainda não sejam totalmente compreendidos, os pesquisadores apontam algumas hipóteses. A pior composição nutricional desses alimentos, o aumento da inflamação e o impacto na microbiota intestinal são algumas das possíveis explicações. No entanto, são necessárias mais pesquisas para entender completamente essa relação.

Os resultados deste estudo destacam a importância de se considerar não apenas a quantidade de calorias consumidas, mas também a qualidade dos alimentos na prevenção de problemas de saúde mental.

Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e priorizar uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados pode ser uma estratégia eficaz para proteger a saúde mental e promover o bem-estar emocional.