Tragédia no RS: retorno das chuvas podem prolongar drama dos gaúchos

O estado do Rio Grande do Sul enfrenta mais uma vez a ameaça de enchentes devido ao retorno das chuvas. De acordo com a MetSul Meteorologia, os próximos sete a dez dias serão marcados por frequentes episódios de precipitação, especialmente na região Norte do estado, onde se localizam as nascentes dos principais rios que já registraram cheias em maio.

Neste caso, a instabilidade já começou e está afetando a região Norte, onde a chuva e a garoa foram registradas desde a manhã de quinta-feira. A tendência é que a instabilidade se intensifique ao longo do dia, prolongando até sexta-feira, com os maiores volumes de chuva esperados entre o Alto Uruguai e o Planalto Médio. 

Nessas áreas, as precipitações podem variar entre 50 mm e 100 mm, especialmente na região da Serra. Embora os novos volumes de chuva não devam causar enchentes tão severas quanto as vistas no início do mês, a principal preocupação é com o risco de deslizamentos na Serra Gaúcha. 

O solo saturado e instável representa uma ameaça contínua, podendo provocar desastres em áreas vulneráveis. O sábado trará uma leve melhora nas condições climáticas, com a possibilidade de instabilidade isolada, alternando com períodos de sol e nuvens na Serra e no Litoral Norte. No domingo, um centro de baixa pressão causará precipitações esparsas na faixa Leste, principalmente na costa e nos Aparados da Serra. 

Contudo, a maior parte do estado verá a presença de sol entre nuvens. A segunda-feira deve marcar um período de tempo firme em grande parte do Rio Grande do Sul.

Entretanto, a trégua será curta. Entre terça e quinta-feira da próxima semana, a previsão é de chuvas mais abrangentes e intensas, com volumes que podem ultrapassar os 100 mm em várias regiões, segundo os modelos meteorológicos analisados pela MetSul. Além disso, o risco de deslizamentos continuará crítico na Serra.

Situação no Rio Grande do Sul

Nos últimos dias, o número de vítimas no Rio Grande do Sul chegou a 151 o número devido aos temporais e enchentes que assolam o estado desde o final de abril. Segundo a Defesa Civil, 104 pessoas ainda estão desaparecidas e 806 ficaram feridas. A situação deixou 538 mil pessoas desalojadas, com 77 mil em abrigos e 538 mil em casas de amigos e parentes.

Após a inundação causada pela cheia do Guaíba, moradores de Porto Alegre enfrentam as consequências devastadoras da água, que atingiu o maior nível desde 1941. Com a água recuando, a população retorna a suas casas, encontrando danos significativos. Em bairros como Menino Deus, Cidade Baixa e Centro Histórico, o mau cheiro e a presença de esgoto exposto são comuns, além de animais mortos sendo vistos nas ruas.

A operação das casas de bombas foi crucial para o controle das enchentes. Das 23 bombas do sistema anticheias, 19 foram desligadas devido ao risco de choque elétrico durante a enchente. Atualmente, nove estão em funcionamento, ajudando a secar partes das ruas, permitindo que os moradores começassem a avaliar os estragos e o que pode ser recuperado de seus pertences.

Nas áreas mais afetadas, como a rua Antenor Lemos, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, a água acumulou até quase 2 metros de altura. Os moradores enfrentam a dura realidade de móveis, colchões e eletrodomésticos estragados e amontoados nas calçadas.