Rios cristalinos do Alasca estão ficando alaranjados e ácidos com o degelo

Um fenômeno alarmante está transformando os rios cristalinos do Alasca em cursos de água alaranjados e ácidos, representando um impacto direto das mudanças climáticas na região. De acordo com um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment em 20 de maio, pesquisadores identificaram a mudança de cor em 75 locais, abrangendo uma área equivalente ao estado do Texas.

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O impacto do degelo no Alasca

Especialistas do Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos e de outras instituições coletaram amostras de água no norte do Alasca e observaram uma alteração significativa na cor dos rios. O degelo do permafrost parece ser o principal responsável por essa transformação, liberando minerais, ácidos e metais na água.

Jon O’Donnell, ecologista da Rede de Inventário e Monitoramento do Ártico do Serviço Nacional de Parques dos EUA, expressou preocupação com a toxicidade das águas alaranjadas e o possível impacto na migração dos peixes para áreas de desova. Segundo ele, algumas áreas se assemelham ao aspecto de suco de laranja leitoso.

Uma das hipóteses dos pesquisadores é que os minérios anteriormente presos no permafrost foram expostos à água e ao oxigênio, resultando na liberação de ácido e metais. As amostras coletadas revelaram um pH médio de 2,3, significativamente ácido em comparação à média esperada. Isso indica um desgaste de minerais de sulfeto e uma corrosão que libera metais como ferro, zinco, níquel, cobre e cádmio.

Além do risco para peixes e invertebrados que habitam esses rios, a água alaranjada e ácida pode exigir tratamento para ser utilizada por comunidades locais que dependem desses recursos para obter água potável. Além disso, o estoque pesqueiro local pode ser afetado, prejudicando ainda mais a subsistência das comunidades.

O contexto das mudanças climáticas globais

O fenômeno observado nos rios do Alasca está diretamente relacionado ao aumento das temperaturas globais e ao derretimento do gelo, fenômenos causados pelo aquecimento global. Desde 1996, tem sido observada uma diminuição do gelo na Terra, afetando áreas como o Ártico, a Groenlândia e a Antártida.

O derretimento do gelo tem implicações profundas para o equilíbrio ambiental e para as espécies que dependem desses habitats. Populações costeiras também enfrentarão desafios com o aumento do nível do mar, que resulta do derretimento das calotas polares e das geleiras.

Para entender melhor o fenômeno e suas consequências, os pesquisadores planejam realizar três viagens durante o verão no Hemisfério Norte em 2024, coletando amostras adicionais. É fundamental que medidas sejam tomadas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e proteger os ecossistemas vulneráveis, garantindo a saúde dos rios e a sustentabilidade das comunidades que dependem deles.