Relógio do “Juízo Final” será “acertado” amanhã; entenda o que isso significa

No dia 23 de janeiro, os cientistas fizeram um novo ajuste no Relógio do Juízo Final, um indicador que reflete preocupações sobre a estabilidade global e quão próxima a humanidade está do apocalipse. No ano passado, o relógio foi ajustado para 90 segundos antes da meia-noite, a marca mais crítica já registrada. 

Com a continuidade da guerra entre Israel e Hamas, o persistente conflito na Ucrânia e os desastres climáticos crescentes, a expectativa era que os ponteiros ficassem ainda mais próximos da meia-noite. No entanto, a atualização manteve a posição do ano anterior, em um evento transmitido ao vivo pelo canal do YouTube e no site do Bulletin of the Atomic Scientists.

Relogio do Juizo Final
O Relógio do Juízo Final marca o quão próximo estamos do fim dos tempos, de forma simbólica. (Reprodução/Internet)

O que é o “Relógio do Juízo Final”?

O Relógio do Juízo Final, concebido em 1947 por Robert Oppenheimer e outros cientistas envolvidos no desenvolvimento da bomba atômica, representa uma simbologia do risco global associado à ameaça nuclear. Dessa forma, o relógio é um instrumento criado como um meio de alertar o público e exercer pressão sobre líderes mundiais para evitar o uso de armas nucleares, especialmente após os devastadores efeitos causados pelas bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial.

Ao longo da sua existência, os ponteiros do relógio têm sido ajustados em resposta às ameaças e tensões globais. Desde o seu início, em 1947, quando marcava sete minutos para a meia-noite, até o ponto mais distante alcançado durante o final da Guerra Fria, em 1991, quando estava em 17 minutos para a meia-noite, o relógio reflete o equilíbrio instável entre paz e ameaças nucleares.

Nova atualização

Apesar de ser algo simbólico, o “Relógio do Juízo Final”, indica quão próximo o mundo está de um apocalipse, permanecerá marcando 90 segundos para a meia-noite, o mesmo “horário” do ano passado, conforme decidido pelos cientistas responsáveis pelo projeto. Neste caso, as razões para manter os ponteiros tão próximos do “Dia do Juízo Final” incluem a ameaça de uma nova corrida armamentista nuclear, os conflitos em curso na Ucrânia e as crescentes preocupações com as mudanças climáticas. 

Desde 2007, o Relógio do Juízo Final não apenas considera a ameaça de guerra nuclear, mas também avalia impactos de novos riscos humanos, como a inteligência artificial (IA) e as mudanças climáticas. Por isso, a análise desses fatores contribui para a decisão de ajustar os ponteiros, refletindo a preocupação contínua dos cientistas sobre os perigos que a humanidade enfrenta e ressaltando a necessidade de ações globais para lidar com essas ameaças.

No dia da atualização, o Boletim dos Cientistas Atômicos alertou que a China, a Rússia e os Estados Unidos estão investindo consideráveis quantias de dinheiro para “expandir ou modernizar seus arsenais nucleares”. Diante desse cenário, se soma ao “perigo sempre presente de uma guerra nuclear por um erro de cálculo”. A guerra em curso na Ucrânia também foi apontada como um fator gerador de um “risco permanente de escalada nuclear”, destacando a tensão global.

Abaixo, confira a evolução do relógio, desde sua criação em 1947: 

  • 1947-48: 7 minutos
  • 1949-52: 3 minutos
  • 1953-59: 2 minutos
  • 1960-62: 7 minutos
  • 1963-67: 12 minutos
  • 1968: 7 minutos
  • 1969-71: 10 minutos
  • 1972-73: 12 minutos
  • 1974-79: 9 minutos
  • 1980: 7 minutos
  • 1981-83: 4 minutos
  • 1984-87: 3 minutos
  • 1988-89: 6 minutos
  • 1990: 10 minutos
  • 1991-94: 17 minutos
  • 1995-97: 14 minutos
  • 1998-2001: 9 minutos
  • 2002-06: 7 minutos
  • 2007-09: 5 minutos
  • 2010-11: 6 minutos
  • 2012-14: 5 minutos
  • 2015-16: 3 minutos
  • 2017: 2,5 minutos
  • 2018-19: 2 minutos
  • 2020-22: 100 segundos
  • 2023: 90 segundos