Queimadas: estudo mostra que 1 a cada 4 hectares de terra pegaram fogo no Brasil

Um estudo recente realizado pelo MapBiomas Fogo revelou um panorama preocupante sobre as queimadas no Brasil. De acordo com o estudo, um em cada quatro hectares do território nacional foi afetado por incêndios nos últimos 40 anos.

Entre 1985 e 2023, aproximadamente 199,1 milhões de hectares foram queimados pelo menos uma vez. Esta situação traz à tona a urgência de discutir e implementar medidas eficazes de prevenção e controle do fogo em diversos biomas do país.

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Quais são os impactos das queimadas nos biomas brasileiros

Os biomas brasileiros foram significativamente afetados pelas queimadas, cada um sofrendo de maneira distinta. O Cerrado e a Amazônia concentraram 86% da área total queimada no Brasil, com 88,5 milhões de hectares queimados no Cerrado e 82,7 milhões na Amazônia. No Cerrado, as queimadas representam 44% de seu território, enquanto na Amazônia esse percentual é de 19,6%.

Embora o Cerrado seja adaptado ao fogo, os incêndios recorrentes e descontrolados têm prejudicado o equilíbrio ecológico da região. Na Amazônia, a situação é ainda mais grave, pois a vegetação não é adaptada ao fogo. A repetição dos incêndios na Amazônia causa perda significativa de biodiversidade e degradação do solo, exacerbada pelo desmatamento e práticas agrícolas inadequadas.

O Pantanal, proporcionalmente, foi o bioma mais afetado, com 59,2% de sua área queimando nos últimos 40 anos. No ano passado, mais de 600 mil hectares foram queimados, com um pico de incêndios entre setembro e dezembro. As condições extremas de seca e os incêndios intensos colocam o bioma em uma situação de vulnerabilidade extrema.

Estudo revela cicatrizes deixadas pelas queimadas

Além de mapear as áreas queimadas, o estudo do MapBiomas Fogo analisou as cicatrizes deixadas pelos incêndios. Utilizando sistemas de monitoramento por satélite e inteligência artificial, foi possível avaliar a extensão e a frequência das queimadas em diferentes biomas. No Pantanal, áreas queimadas variando entre 10.000 e 50.000 hectares são comuns, enquanto no Cerrado predominam áreas entre 1.000 e 5.000 hectares. Na Amazônia, as áreas afetadas geralmente variam entre 100 e 500 hectares.

A Caatinga e a Mata Atlântica também foram impactadas, embora em menor escala. Na Caatinga, cerca de 11 milhões de hectares foram queimados, representando 12,7% do bioma. Na Mata Atlântica, foram cerca de 7,5 milhões de hectares, ou 6,8% de sua extensão total. O Pampa foi o bioma menos afetado, com 518 mil hectares queimados, o que equivale a 2,7% de seu território.

Essas cicatrizes do fogo são um alerta sobre a necessidade de políticas públicas eficazes para o manejo e controle das queimadas. Além das ações de emergência durante os incêndios, é crucial desenvolver estratégias de longo prazo que envolvam a conservação dos biomas, o combate ao desmatamento e a promoção de práticas agrícolas sustentáveis. A adaptação dos biomas ao fogo deve ser respeitada, mas é fundamental evitar que o uso humano intensifique os incêndios além da capacidade de recuperação natural desses ecossistemas.