Queda de estação espacial no mar pode afetar ou não meio ambiente
A NASA pretende encerrar as operações da Estação Espacial Internacional (ISS) entre o final desta década e o início da próxima, realizando uma desorbitação controlada. A medida tem suscitado preocupações, especialmente sobre os potenciais efeitos ambientais do procedimento. Para mitigar riscos, especialistas destacam a importância de uma reentrada estratégica, de forma a minimizar impactos na atmosfera e nos oceanos.
A ISS orbita a Terra a aproximadamente 400 km de altitude e resulta de uma colaboração entre 15 países, como Estados Unidos, Rússia, Japão, Canadá e integrantes da Agência Espacial Europeia. Habitada de forma contínua desde o ano 2000, a ISS serve como laboratório para astronautas que conduzem pesquisas em diversas áreas, incluindo biologia, física e fisiologia humana.
Neste texto você encontrará:
Veja também: Telescópio no valor de 1,9 bilhão de dólares deve detectar ‘planeta invisível’
Aposentadoria da estação
Em 2023, o Painel Consultivo de Segurança Aeroespacial (ASAP) da NASA ressaltou a necessidade urgente de um plano eficiente para a desorbitação da ISS. O comitê enfatizou a importância de a agência acelerar o desenvolvimento dessa capacidade, visto que situações inesperadas podem exigir a desativação imediata da estação.
Para viabilizar a desorbitação da ISS, a NASA firmou um contrato de US$ 843 milhões com a SpaceX, que será responsável pelo desenvolvimento do Veículo Deorbital dos EUA (USDV). O objetivo é garantir uma reentrada controlada da estação, conduzindo-a a uma área isolada do oceano, de forma a mitigar os riscos para a população e o meio ambiente. A operação está programada para ocorrer em 2031.
Preocupações com o meio ambiente
A reentrada da ISS, que pesa cerca de 450 toneladas, apresenta desafios significativos. Leonard Schulz, do Instituto de Geofísica da Universidade de Braunschweig, alerta para o risco de liberação de substâncias na atmosfera. Luciano Anselmo, do Instituto de Ciências de Pisa, minimiza o impacto nos oceanos, mas destaca a possibilidade de danos à camada de ozônio e ao clima, apontando a necessidade de estudos.
David Santillo, do Greenpeace, sugere que tratados internacionais, como a Convenção de Londres, possam regulamentar a desorbitação, citando a reentrada controlada da estação russa Mir em 2001 como exemplo. Darren McKnight, da LeoLabs, destaca o risco de uma reentrada descontrolada, que poderia gerar colisões com satélites e aumentar os detritos espaciais. Como alternativas, ele propõe a desmontagem da estação ou sua transferência para uma órbita mais alta, embora ambas as opções sejam caras e complexas.
Áreas de preocupação da ISS
A NASA e a Roscosmos identificaram 50 “áreas de preocupação” relacionadas a um vazamento persistente na ISS, ativo desde 2019 no segmento russo. De acordo com um relatório do Escritório do Inspetor Geral (OIG) da NASA, o vazamento é considerado um dos principais riscos de segurança para os astronautas, sendo classificado no nível máximo de 5 em uma escala de risco.
A origem do problema está no túnel de transferência do módulo russo Zvezda, lançado em 2000. Apesar das tentativas de reparo, que incluem a aplicação de selantes e remendos pela Roscosmos, o vazamento persiste. O envelhecimento da ISS e de seus componentes, como o Zvezda, agrava a situação, exigindo manutenção constante para garantir a segurança e a funcionalidade da estação.