Próxima erupção vulcânica mais poderosa do mundo tem data divulgada por cientistas
Cientistas da Universidade Federal de Ural, em Ekaterinburgo, Rússia, identificaram com precisão a data da mais intensa erupção vulcânica dos últimos 10 mil anos. Para isso, a equipe analisou anéis de crescimento de madeiras petrificadas encontradas na península de Yamal, no extremo norte russo. Os resultados desse estudo foram publicados na revista Dendrochronologia.
Estudar eventos ocorridos há milênios apresenta diversos desafios para os cientistas, especialmente quando se trata de estabelecer a ordem dos fenômenos naturais e sociais e associá-los a datas específicas. Grandes acontecimentos, como extinções e desastres naturais, são complexos de datar com precisão; no entanto, erupções vulcânicas de grande magnitude podem atuar como marcos temporais relevantes, facilitando a correlação com diferentes cronologias.
Neste texto você encontrará:
Veja também: Ciência está estudando o interior dos vulcões
Data da erupção
Neste estudo, os cientistas focaram nas três maiores erupções ocorridas nos últimos dez mil anos:
- O vulcão Ilyinsky, localizado em Kamchatka, Rússia, que entrou em erupção há 8.500 anos;
- O vulcão Mazama, no estado de Oregon, EUA, cuja erupção ocorreu há 7.600 anos;
- O vulcão Kikai, nas ilhas japonesas, com erupção estimada em 7.300 anos atrás.
Os vulcanólogos estimam que os vulcões Ilyinsky e Mazama expeliram cerca de 150 km³ de material cada um, enquanto o Kikai lançou entre 300 e 450 km³ — um volume muitas vezes superior ao de qualquer evento posterior, incluindo a do Tambora, que ocorreu na Indonésia em 1815 e é considerada a maior erupção registrada na história.
O cientista Rashit Khantemirov apontou que camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica, datadas do mesmo período, apresentam altos níveis de sulfato, possivelmente indicativos dessas três grandes atividades. Analisando madeiras petrificadas de Yamal, os pesquisadores descobriram um evento catastrófico ocorrido em 5279 a.C., que resultou em um crescimento reduzido e incomum nos anéis das árvores, possivelmente associado à erupção do vulcão Kikai.
Impactos dos vulcões ativos
Caso essa data seja confirmada, serão necessários ajustes importantes na cronologia das camadas de gelo polar. Esse estudo também tem o potencial de alterar a compreensão atual sobre as mudanças climáticas, visto que as erupções vulcânicas tanto influenciam quanto são influenciadas pelo clima. Além disso, essas atividades impactam diretamente a saúde humana, a vida cotidiana das populações próximas e transformam de maneira significativa a paisagem ao redor.
Pesquisas do U.S. Geological Survey mostram que gases emitidos em grandes erupções podem resfriar o clima ao refletirem a radiação solar de volta ao espaço, enquanto o dióxido de carbono liberado contribui para o aquecimento global. O CDC adverte que, no curto prazo, as partículas e gases vulcânicos podem causar irritação nos olhos e no sistema respiratório, e, a longo prazo, levar a sérios problemas pulmonares.
Os fluxos de cinzas, conhecidos como piroclásticos, que descem rapidamente pelas encostas, podem destruir a vegetação e a fauna locais, além de reduzir a visibilidade e gerar fenômenos como raios e trovões, deixando marcas ambientais e sociais duradouras.