Por que cor-de-rosa tem hífen e as outras cores não?

No mundo das regras gramaticais da língua portuguesa, o uso do hífen em expressões de cores sempre suscitou curiosidade. Particularmente, a expressão “cor-de-rosa” destaca-se como uma exceção notável, mantendo seu hífen enquanto outras combinações de cor não o fazem.

Esse fenômeno não é apenas uma peculiaridade linguística, mas reflete uma rica tapeçaria cultural e histórica. Originalmente, o hífen é utilizado para unir elementos em palavras compostas, indicar ligações enclíticas e mesoclíticas, e separar sílabas.

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, não deve ser empregado em locuções de qualquer tipo, incluindo as adjetivas que descrevem cores, como “cor de vinho” ou “cor de açafrão“. No entanto, “cor-de-rosa” se mantém como uma exceção, uma relíquia da linguagem que persiste através do tempo.

Por que cor-de-rosa tem hífen e as outras cores não?

Esta exceção pode ser atribuída ao uso consagrado e ao significado culturalmente enraizado da expressão. “Cor-de-rosa” não é apenas uma descrição cromática; é uma expressão carregada de conotações e imagens que transcende sua função descritiva básica.

Ao longo dos anos, essa cor foi associada a diversos simbolismos, como inocência, ternura, e feminilidade, o que talvez tenha contribuído para a preservação de sua forma única.

Além disso, a expressão “cor-de-rosa” encontra-se imortalizada na literatura, onde escritores como Clarice Lispector utilizaram-na para evocar imagens vívidas e emoções profundas em suas obras.

Esses usos literários não apenas sublinham a beleza da expressão, mas também reforçam sua posição especial na língua portuguesa.

Comparativamente, outras cores são descritas de maneira mais direta, sem o uso do hífen, seguindo as diretrizes do Novo Acordo Ortográfico. Isso destaca “cor-de-rosa” não apenas como uma expressão linguística, mas como um fenômeno cultural, cuja exceção ao uso do hífen simboliza sua importância e singularidade.

Portanto, a permanência do hífen em “cor-de-rosa” serve como um lembrete fascinante da interação entre linguagem, cultura e história. Revela como certas expressões, através de seu uso consagrado e valor cultural, podem resistir às mudanças normativas e continuar a enriquecer a língua portuguesa com sua presença única.