PL do aborto: após reação popular, oposição abandona o projeto e tenta limpar imagem de Lira

O polêmico Projeto de Lei (PL) que equipara o aborto a crime de homicídio gerou uma intensa reação popular, dividiu a bancada evangélica e expôs uma significativa fissura na oposição. A iniciativa, defendida por alas conservadoras do Congresso, visava testar o comprometimento do presidente Lula com os evangélicos.

No entanto, a reação negativa da sociedade, com manifestações em diversas capitais, levou a oposição a repensar sua estratégia e tentar mitigar o desgaste político causado. 

senado vota PL do aborto.
PL do aborto: após reação popular, oposição abandona o projeto e tenta limpar imagem de Lira 2

O projeto de lei que propunha penas mais severas para o aborto do que para o próprio crime de estupro desencadeou uma forte resposta da população. A urgência aprovada pela Câmara dos Deputados, que acelerou a tramitação do texto, foi recebida com protestos nas ruas e duras críticas nas redes sociais. Líderes religiosos e pastores, tradicionalmente aliados das alas conservadoras, também se manifestaram contra a proposta, expondo as divisões dentro da bancada evangélica.

A pressão popular e o desgaste midiático foram tão intensos que até mesmo figuras proeminentes da oposição, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP, se distanciaram do mérito da proposta. Nogueira afirmou que nem ele nem Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, tinham compromisso com o conteúdo do projeto, indicando que o apoio era apenas para a votação da urgência. Esse recuo público evidenciou a tentativa da oposição de se desvincular do desgaste e tentar preservar sua imagem.

Esforços para limpar a imagem de Arthur Lira

Arthur Lira, uma das principais figuras associadas à aprovação da urgência do projeto, enfrentou um significativo desgaste político. A avaliação interna de seu grupo político é que a estratégia, liderada por deputados como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), acabou sendo um tiro no pé, expondo Lira e a oposição a críticas severas. Cavalcante, ao tentar garantir apoio eleitoral em seu nicho, acabou desencadeando uma crise que obrigou a oposição a repensar suas táticas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também se posicionou contra o projeto, classificando-o como uma “insanidade” e defendendo a legislação atual, que permite o aborto em casos de anencefalia, risco de vida para a mãe e gravidez resultante de estupro. Lula destacou a importância de tratar o aborto como uma questão de saúde pública e criticou a ideia de punir uma mulher estuprada com penas mais severas do que as aplicadas ao estuprador.

Com a reação negativa e a possibilidade de um desgaste ainda maior, a oposição começou a buscar formas de se desvincular do projeto e amenizar a situação. A estratégia incluiu declarações públicas de líderes políticos, indicando a falta de compromisso com o mérito da proposta e enfatizando que o foco inicial era apenas acelerar a discussão. Esses esforços refletem a necessidade de reconstruir a imagem após a intensa repercussão negativa.