PIB brasileiro sobe 0,8% no 1° trimestre de 2024 puxado por comércio, diz IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2024, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em termos nominais, a economia brasileira acumulou R$2,7 trilhões entre janeiro e março, com destaque para o setor de serviços, que impulsionou o crescimento econômico no período.

O setor de serviços foi o principal motor do crescimento, registrando uma alta de 1,4% no trimestre. Dentro deste setor, o comércio destacou-se com um avanço de 3%, seguido pelos segmentos de Informação e Comunicação (2,1%) e Outras atividades de serviços (1,6%). A agropecuária também apresentou um desempenho robusto, com uma variação positiva de 11,3%. Em contrapartida, a indústria teve uma leve queda de 0,1%.

Em valores correntes, o Valor Adicionado a preços básicos foi de R$2,4 trilhões, e os Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios somaram R$361,1 bilhões. Do total do PIB, a maior contribuição veio do setor de serviços, que representou R$1,6 trilhão, seguido pela indústria com R$573,7 bilhões e pela agropecuária com R$192,2 bilhões.

Demanda Interna em Alta, Setor Externo em Baixa

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, destacou que o crescimento do PIB no primeiro trimestre foi totalmente baseado na demanda interna. “O comércio varejista e os serviços pessoais, ligados ao crescimento do consumo das famílias, a atividade de internet e desenvolvimento de sistemas, devido ao aumento dos investimentos, e os serviços profissionais, que transpassam à economia como um todo, foram os destaques”, afirmou Palis.

O consumo das famílias, que totalizou R$ 1,8 trilhão do PIB, continuou a crescer, impulsionado por melhorias no mercado de trabalho, quedas na Selic (taxa básica de juros), inflação mais baixa, programas governamentais de auxílio e uma redução na inadimplência após o programa Desenrola de renegociação de dívidas.

No entanto, o setor externo teve uma contribuição negativa para o crescimento econômico. Com as importações crescendo 6,5% e as exportações apenas 0,2%, o setor externo puxou o PIB para baixo. Palis explicou que a valorização do real tornou mais fácil a importação de bens de capital, enquanto a demanda global por commodities brasileiras permaneceu baixa. “Em 2022 e 2023, o setor externo havia contribuído positivamente. Nesse primeiro trimestre, essa contribuição foi negativa”, disse ela.

Expectativas do PIB para os Próximos Trimestres

Apesar do resultado positivo no primeiro trimestre, especialistas do mercado financeiro preveem volatilidade nos próximos meses. Leonardo Costa, economista do ASA Investments, apontou que, embora o ritmo de crescimento tenha sido forte no início de 2024, fatores como a crise no Rio Grande do Sul e as condições do mercado de trabalho podem influenciar nos resultados futuros. “Os dados do segundo e terceiro trimestres deste ano conterão mais volatilidade, com redução no curto prazo e reaceleração na segunda metade do ano”, afirmou Costa.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, compartilhou uma visão similar, destacando o bom momento da atividade econômica brasileira, impulsionado pelo pleno emprego, crescimento da massa salarial e inflação controlada. Ele também mencionou a retomada do setor industrial e a continuidade de estímulos governamentais como fatores positivos. No entanto, Cadilhac alertou para os riscos decorrentes da calamidade no Rio Grande do Sul e a possibilidade de um ciclo de corte de juros menor que o esperado. “Mantemos a nossa projeção de crescimento em 2,1%”, concluiu.

Em 2023, o PIB brasileiro cresceu 2,9%, totalizando R$10,9 trilhões, o que manteve o Brasil entre as 10 maiores economias do mundo. No primeiro trimestre de 2024, a economia brasileira continuou a crescer, impulsionada principalmente pelo setor de serviços e consumo interno, embora com desafios no setor externo.