Pesquisas revelam que atividade humana contribuiu para a extinção do rinoceronte-lanudo

Nos últimos milênios, a Terra testemunhou a extinção de diversas espécies icônicas de megafauna. Entre elas, o rinoceronte-lanudo, uma espécie que outrora vagava pelas vastas extensões do norte e centro da Eurásia, destaca-se como um exemplo notável da influência humana sobre a natureza. 

Dessa forma, novas pesquisas indicam que a caça sustentada pelos seres humanos desempenhou um papel significativo na extinção dessa criatura majestosa, contradizendo estudos anteriores que minimizam a intervenção humana nesse processo.

Os pesquisadores da Universidade de Adelaide, utilizando modelagem computacional avançada, desvendaram as complexas interações entre os rinocerontes-lanudos e os humanos durante o período de transição da Última Idade do Gelo. Neste caso, o professor associado Damien Fordham liderou o estudo, revelando que a combinação de temperaturas frias e caça contínua empurrou os rinocerontes para o sul há aproximadamente 30.000 anos. 

A caça sustentada pelos humanos foi um fator que impediu a migração dos rinocerontes-lanudos para regiões mais favoráveis. Com a Terra aquecendo e novos habitats se tornando disponíveis, a espécie foi incapaz de se adaptar a essas mudanças devido à pressão constante da caça. O desequilíbrio ecológico culminou na desestabilização da população e, eventualmente, na extinção do rinoceronte-lanudo há cerca de 10.000 anos.

Evidências de influência humana 

A professora Eline Lorenzen, do Globe Institute da Universidade de Copenhague, destacou que as novas análises demográficas oferecem uma resolução muito superior em comparação aos estudos genéticos anteriores. Assim, permitiu documentar de maneira mais precisa as interações entre os rinocerontes-lanudos e os humanos, incluindo os baixos, mas persistentes, níveis de caça para alimentação. 

A caça contínua não apenas reduziu a população de rinocerontes, mas também limitou suas oportunidades de adaptação e migração. Atualmente, a situação não é muito diferente. Os seres humanos continuam a exercer uma pressão significativa sobre as populações de grandes animais, através da caça excessiva e da fragmentação de habitats devido às mudanças no uso da terra. 

Durante o final do Pleistoceno, existiam 61 espécies de grandes herbívoros terrestres pesando mais de uma tonelada; hoje, restam apenas oito, cinco das quais são rinocerontes.

A extinção do rinoceronte-lanudo

O rinoceronte-lanudo (Coelodonta antiquitatis) era uma espécie robusta que habitava as vastas planícies da Europa e da Ásia durante o Pleistoceno, um período que começou há cerca de 2,6 milhões de anos e terminou há aproximadamente 11.700 anos. Este animal majestoso, coberto por uma pelagem espessa, era adaptado ao clima frio e às condições adversas das eras glaciais. 

Com seu corpo maciço, pernas curtas e um chifre poderoso, o rinoceronte-lanudo era bem equipado para sobreviver nas tundras geladas e estepes, onde se alimentava de uma dieta herbívora composta principalmente por gramíneas e outras plantas baixas A extinção do rinoceronte-lanudo é um fenômeno complexo que provavelmente resultou de uma combinação de fatores ambientais e humanos. 

As mudanças climáticas desempenharam um papel crucial: o fim da última era glacial trouxe um aquecimento significativo que alterou drasticamente o habitat do rinoceronte-lanudo. As tundras e estepes, suas principais fontes de alimentação, foram gradualmente substituídas por florestas, reduzindo os recursos disponíveis para esses grandes herbívoros. 

Além disso, a crescente presença humana na Eurásia, com suas práticas de caça, também contribuiu para a pressão sobre as populações de rinocerontes-lanudos. A caça intensiva por parte dos humanos, que utilizavam suas peles e chifres, acelerou o declínio da espécie.

A combinação dessas mudanças ambientais e da predação humana levou à extinção do rinoceronte-lanudo há cerca de 10.000 anos. A sua extinção não apenas marcou o desaparecimento de uma espécie icônica, mas também destacou a fragilidade dos ecossistemas diante de mudanças abruptas.