Pesquisa revela que 25% do Brasil pegou fogo na última década; veja o que isso significa

Uma nova pesquisa do MapBiomas Fogo revelou um dado alarmante: quase 25% do território brasileiro foi consumido por incêndios nas últimas quatro décadas. Entre 1985 e 2023, o fogo devastou 199,1 milhões de hectares, afetando principalmente os biomas do Cerrado e Amazônia, com o Pantanal sofrendo a maior perda proporcional.

O levantamento, conduzido pelo MapBiomas Fogo e coordenado por Ane Alencar, oferece um panorama abrangente da dinâmica das queimadas no país, destacando a gravidade da situação.

Pesquisa sobre queimadas.
Pesquisa revela que 25% do Brasil pegou fogo na última década; veja o que isso significa 2

Pesquisa revela o impacto das queimadas nos biomas brasileiros

Os incêndios florestais têm tido um impacto devastador nos biomas brasileiros. No Cerrado, a vasta savana adaptada ao fogo, as chamas são difíceis de controlar quando escapam, frequentemente resultando em grandes áreas queimadas.

A Amazônia, por outro lado, não é adaptada ao fogo, e os incêndios causados principalmente por desmatamento e práticas agrícolas têm elevado o nível de degradação ambiental, ameaçando a biodiversidade local. Já no Pantanal, incêndios intensos, exacerbados por secas prolongadas, queimaram 9 milhões de hectares, equivalente a 59,2% do bioma, com novembro concentrando 60% da área queimada em 2023.

Os dados mostram que 65% da área afetada pelo fogo no Brasil queimou mais de uma vez nos últimos 39 anos. O Cerrado é o bioma com maior área queimada de forma recorrente. Quase a metade da área queimada no país está concentrada em Mato Grosso, Pará e Maranhão, sendo que 60% dessas áreas estão em imóveis privados.

O estudo também revela que um terço dos eventos de fogo ocorreram em setembro, com dois terços das áreas afetadas sendo de vegetação nativa e um terço de pastagem e agricultura. Corumbá (MS), São Félix do Xingu (PA) e Formosa do Rio Preto (BA) foram os municípios mais afetados.

Entenda quais são os desafios para controlar o fogo

A pesquisa evidencia que a maioria das queimadas tem origem humana, exacerbada por condições climáticas favoráveis à propagação do fogo. Na Amazônia e Mata Atlântica, biomas não adaptados ao fogo, é crucial reduzir qualquer tipo de queimada para proteger a biodiversidade.

Nos biomas adaptados como Cerrado, Pantanal e Pampa, o fogo pode ter benefícios controlados, como a redução de material combustível, desde que ocorra em períodos e frequências adequados. No entanto, as condições climáticas atuais tornam essa prática perigosa, com potencial para gerar grandes incêndios. As conclusões do MapBiomas Fogo sublinham a necessidade de estratégias de manejo e políticas públicas eficazes para mitigar os impactos das queimadas no Brasil.