Ondas de frio intenso nunca antes vista pode acontecer no Brasil nos próximos meses; entenda

O fenômeno meteorológico La Niña está retornando e promete trazer mudanças significativas ao clima global, trazendo severas ondas de frio que podem chegar até o Brasil.

Após um período de El Niño, caracterizado por um aquecimento das águas do Oceano Pacífico, La Niña causa o efeito contrário: um resfriamento das águas do Pacífico oriental. Essa mudança pode ter implicações profundas nas condições climáticas de várias regiões, incluindo ondas de frio intenso que podem atingir o Brasil nos próximos meses.

Frio.
Frente fria se aproxima do Brasil e as temperaturas caem drasticamente. (Reprodução/Internet)

A possível onda de frio

La Niña, que dura de um a três anos, provoca um resfriamento das águas do Pacífico oriental, afetando o clima mundial de diversas maneiras. Em geral, La Niña é associada a condições mais úmidas em partes da Austrália, Sudeste Asiático, Índia, sudeste da África e norte do Brasil, enquanto traz condições mais secas para algumas regiões da América do Sul. Esse fenômeno também pode intensificar a temporada de furacões no Atlântico, como previsto pela NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) para 2024, que estima entre quatro e sete furacões de categoria 3 ou superior.

A influência de La Niña no Brasil é complexa e pode variar dependendo de diversos fatores, incluindo a intensidade do fenômeno e as condições climáticas pré-existentes. Em geral, durante os eventos de La Niña, o sul do Brasil pode experimentar ondas de frio mais intensas e prolongadas. Isso ocorre devido ao enfraquecimento dos ventos alísios que normalmente ajudam a aquecer a região. Com a água do Pacífico oriental mais fria, há uma maior probabilidade de que massas de ar frio da Antártida avancem mais ao norte, atingindo o sul do Brasil com mais frequência e intensidade.

Michelle L’Heureux, especialista da NOAA, alerta que, apesar do resfriamento esperado com o retorno de La Niña, as temperaturas globais ainda estarão significativamente elevadas devido às emissões de gases de efeito estufa. Esses gases já aumentaram a temperatura média global em pelo menos 1,2°C em comparação com o final do século XIX. Portanto, mesmo com La Niña, espera-se que 2024 esteja entre os cinco anos mais quentes já registrados. 

Entenda Como La Niña Pode Afetar o Clima Brasileiro

La Niña não age isoladamente, e seu impacto pode ser amplificado por outras condições climáticas e ambientais. A mudança climática global, por exemplo, pode intensificar os efeitos de La Niña, resultando em condições climáticas mais extremas. Durante o El Niño de 2023, recordes de calor foram quebrados mundialmente, e seus efeitos persistiram nos primeiros meses de 2024. A transição de El Niño para La Niña pode não ser imediata, exigindo tempo para que a circulação atmosférica global se adapte, conforme explicado por L’Heureux.

Essa transição pode significar que, embora La Niña traga um resfriamento das águas do Pacífico, as temperaturas ainda podem permanecer acima da média histórica devido ao aquecimento global. No Brasil, isso se traduz em uma maior variabilidade climática, com períodos de frio extremo intercalados com temperaturas anormalmente altas. Essa oscilação pode ter impactos significativos na agricultura, na saúde pública e na infraestrutura do país.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) destaca que o aumento das temperaturas globais, amplificado pelos eventos de El Niño e La Niña, oferece uma “janela para o futuro” das mudanças climáticas. Esse aumento serve como um alerta sobre como será um mundo mais quente, com eventos climáticos mais extremos e imprevisíveis.