Hoje, dia 20 de junho, inicia-se o inverno no Brasil, mas, ao contrário do que muitos esperam, os próximos meses serão marcados por temperaturas acima da média e pouca chuva. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a nova estação começa às 17h51 e se estende até 22 de setembro. Este artigo detalha as razões por trás desse clima atípico e os fenômenos meteorológicos envolvidos.
O principal fator responsável pelas temperaturas anormalmente altas é a persistência dos bloqueios atmosféricos. Esses bloqueios impedem que massas de ar frio avancem para o interior do país, limitando a circulação de ar polar e resultando em dias mais quentes mesmo durante o inverno. Como explica o meteorologista Vinícius Lucyrio, da Climatempo, “a tendência é de temperaturas acima da média nos três meses, especialmente com o Sudeste e Centro-Oeste registrando marcas acima do normal”.
Além disso, as águas aquecidas do Oceano Atlântico contribuem significativamente para as mudanças climáticas observadas. Este aquecimento interfere na atmosfera, alterando os padrões climáticos esperados, mesmo durante a presença do fenômeno La Niña, que normalmente traz frentes frias mais fortes ao país.
Veja a seguir:
Como o La Niña pode influenciar na temperatura durante o inverno
O relatório recente da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), divulgado em 17 de junho, indica que o Oceano Pacífico está atualmente em fase neutra, sem a influência de El Niño ou La Niña. No entanto, já é possível observar um resfriamento nas regiões mais a leste do Pacífico, apontando para a provável instalação do La Niña entre a segunda quinzena de julho e o início de agosto.
O La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, tende a aumentar as chuvas no Norte e Nordeste do Brasil, enquanto o Centro-Sul e Sul do país experimentam um clima mais seco e irregular. Apesar das temperaturas mais altas previstas, haverá variações térmicas significativas e possibilidade de ondas de frio, especialmente no Sul do Brasil, Mato Grosso do Sul e algumas áreas de São Paulo.
Tendências Climáticas Regionais
De acordo com as previsões dos meteorologistas, o inverno de 2024 será marcado por algumas tendências climáticas específicas para diferentes regiões do Brasil:
- Ondas de Calor: Espera-se que ocorram no final da estação, com agosto e setembro registrando temperaturas muito acima da média.
- Geadas e Neve: Haverá maior potencial para geadas e neve nos estados do Sul, sul do Mato Grosso do Sul e algumas áreas de São Paulo entre a segunda quinzena de julho e início de setembro.
- Seca na Amazônia: As chuvas na região amazônica já estão reduzidas, com a previsão de baixa acelerada do nível dos rios até a primeira quinzena de outubro, atingindo níveis tão baixos quanto em 2023.
- Chuvas no Nordeste: O litoral do Nordeste deve enfrentar chuvas intensas em julho, apesar de uma tendência geral de volumes entre a média e um pouco abaixo.
- Queimadas: Com a irregularidade de chuvas e altas temperaturas, o período de queimadas tende a ter mais focos e maior área queimada em relação ao ano passado.