No final do ano passado, surgiram rumores nas redes sociais sobre um suposto “apocalipse da internet” anunciado pela NASA. Embora tenha sido esclarecido como uma fake news, cientistas estão, de fato, analisando a possibilidade de eventos catastróficos na internet devido a tempestades solares de intensidade extrema.
Veja a seguir
Entenda o possível Apocalipse da Internet
O alerta veio de um estudo de 2021, que apontou que uma ejeção de massa coronal intensa, além de afetar redes elétricas e comunicações tradicionais, teria impactos significativos na internet global. Históricos eventos solares, como o “Evento Carrington” em 1859, deixam claro que tempestades solares intensas podem ter consequências sérias na infraestrutura terrestre.
O estudo, liderado pela cientista Sangeetha Abdu Jyothi, destaca que a atual infraestrutura da internet não está preparada para enfrentar um evento solar de grande escala. Cabos oceânicos internacionais de internet, que atravessam continentes, seriam particularmente vulneráveis a uma tempestade solar, cortando o fornecimento de conexão na fonte.
O problema reside nos repetidores utilizados por esses cabos submarinos, posicionados entre 50 km e 150 km de distância. Embora os cabos em si sejam robustos, os repetidores, com seus componentes eletrônicos sensíveis, são suscetíveis a danos durante uma tempestade solar.
Apesar das preocupações, especialistas ressaltam que não há motivo para pânico imediato. Uma interrupção generalizada da internet pode ser desencadeada por uma forte tempestade solar, mas eventos desse tipo são raros. Peter Becker, pesquisador da Universidade George Mason, lidera um projeto para desenvolver um sistema de alerta que poderia antecipar eventos solares potencialmente prejudiciais com 18 horas de antecedência.
Becker destaca que, à medida que o Sol entra em uma fase mais ativa, a internet, que atingiu a maturidade durante um período solar relativamente calmo, pode enfrentar desafios inéditos. O Ciclo Solar 25, previsto para trazer uma tempestade solar em 2025, pode apresentar atividades solares mais intensas, potencialmente afetando a Terra já em 2024.
Segundo Becker, em caso de uma ejeção de massa solar em direção à Terra, haverá um período de aviso de 18 a 24 horas antes das partículas solares atingirem o campo magnético do planeta. Os potenciais impactos incluem danos aos equipamentos de comunicação, à rede elétrica e aos sistemas de navegação, como o GPS, podendo durar semanas ou até meses.
A última tempestade solar de intensidade semelhante ocorreu em 1859, conhecida como “Evento Carrington”, que causou danos significativos à infraestrutura da época. Embora o cenário de um “Apocalipse da Internet” não seja iminente, a conscientização e o desenvolvimento de sistemas de alerta se tornam cada vez mais essenciais diante dos desafios apresentados pela atividade solar.