Nasa pretende colocar amostras de vida terrestre congeladas na Lua
Uma equipe de cientistas está propondo um plano ambicioso e inovador: enviar amostras de vida terrestre congeladas para a Lua.
A ideia central é criar um biorrepositório lunar que ajude a preservar espécies ameaçadas de extinção e garantir a biodiversidade do planeta.
Recentemente, os pesquisadores publicaram um estudo na revista BioScience detalhando a viabilidade e a importância deste projeto.
Nasa pretende colocar amostras de vida terrestre na Lua
O estudo destaca que as baixas temperaturas nos polos lunares, que podem atingir impressionantes 196ºC negativos, são ideais para a conservação de amostras biológicas.
Esse ambiente gelado permitiria o armazenamento a longo prazo sem a necessidade de fornecimento constante de energia, uma vantagem significativa considerando as dificuldades logísticas envolvidas em uma operação lunar.
Além disso, a localização da Lua oferece um nível de isolamento que protegeria o biorrepositório de desastres naturais e conflitos humanos, problemas que frequentemente ameaçam coleções biológicas na Terra.
Os primeiros testes do projeto utilizaram células de pele animal, especificamente fibroblastos, que são responsáveis pela produção de colágeno e elastina, componentes essenciais para a estrutura da pele.
O peixe Starry Goby foi escolhido como a primeira espécie a ser considerada para envio à Lua. Esses testes iniciais são fundamentais para avaliar a resistência das amostras às condições extremas do espaço.
Desafios do projeto na Lua
Os pesquisadores enfrentam uma série de desafios para tornar o biorrepositório lunar uma realidade.
Entre eles estão o desenvolvimento de embalagens capazes de proteger as amostras da radiação espacial, e a necessidade de parcerias internacionais que possam viabilizar tecnicamente e financeiramente o projeto.
A proteção contra a radiação é particularmente crucial, pois a exposição prolongada pode danificar as células e comprometer sua viabilidade a longo prazo.
Os cientistas destacam a urgência dessa iniciativa devido aos impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente.
“Muitas espécies e ecossistemas estão enfrentando ameaças de desestabilização e extinção que avançam mais rapidamente do que nossa capacidade de salvá-los em seus habitats naturais“, afirmam os pesquisadores no estudo.
Para avançar com o projeto, a equipe planeja realizar mais testes na Terra e a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).
Esses testes adicionais são essenciais para garantir que as amostras possam ser efetivamente preservadas nas duras condições do espaço.
A proposta de enviar amostras biológicas à Lua, embora pareça saída de um filme de ficção científica, está cada vez mais próxima da realidade.
Este projeto não só sublinha a gravidade das ameaças à biodiversidade terrestre, mas também demonstra o potencial da inovação científica e da cooperação internacional para encontrar soluções sustentáveis.