Nasa confirma falha no campo magnético da Terra; veja os perigos para a humanidade
A Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, divulgou em dezembro um relatório informando que a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Amas), uma área do campo magnético da Terra com intensidade reduzida, aumentou 7% nos últimos quatro anos.
Após essa divulgação, circularam nas redes sociais notícias sugerindo que esse fenômeno, ao diminuir a proteção da Terra contra a radiação solar, poderia representar riscos à saúde ou até mesmo aumentar as enchentes no Rio Grande do Sul. Entretanto, especialistas asseguram que não há razão para preocupação.
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Impacto para a humanidade
O geofísico Gelvam Hartmann, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), ouvido pela Folha de São Paulo, afirmou que eventuais falhas no campo magnético têm pouco impacto nas pessoas ou no clima terrestre. Ele explicou que, embora a radiação solar possa atravessar o campo magnético e atingir aparelhos eletrônicos em órbita, a quantidade de partículas carregadas que chega à superfície é mínima.
Outra teoria desacreditada: até 2023, pensava-se que o vento solar na região da Amas poderia impactar voos intercontinentais a altitudes de aproximadamente 13 quilômetros. Contudo, pesquisadores alemães detectaram baixos níveis de radiação solar em um voo de Hamburgo, na Alemanha, para Mount Pleasant, nas Ilhas Malvinas, passando pela Amas, conforme relatado em junho de 2023 na revista Scientific Reports.
Variação do campo magnético
Recentemente, a Amas gerou um segundo núcleo sobre o oceano Atlântico, próximo à África, que é menor do que o núcleo localizado sobre a América Latina. Até o momento, este novo núcleo não parece ter impacto significativo para a Terra ou seus habitantes.
De acordo com especialistas, a maior região sobre a América Latina deverá desaparecer em um período indeterminado, enquanto a menor deverá formar uma nova anomalia, seguindo um ciclo que se repete ao longo dos séculos. Por enquanto, não houve mudanças significativas nessa trajetória.
Descobertas arqueológicas no sul da África, datadas do século 5º, revelam sinais de variação na direção do campo magnético, indicando a presença histórica da Amas. Além disso, em agosto de 2020, cientistas britânicos e norte-americanos publicaram um artigo na revista PNAS que descreve evidências semelhantes em rochas com cerca de 11 milhões de anos na ilha de Santa Helena, localizada no oceano Atlântico a 1.850 km da África.
Detecção e origem da Amas
Descoberta pelos primeiros satélites em órbita terrestre baixa no final dos anos 1950, a Amas é objeto de monitoramento constante por parte de pesquisadores dos Estados Unidos, União Europeia e China, preocupados com seus potenciais impactos em satélites, espaçonaves e estações espaciais.
Embora a origem da Amas seja incerta, há a crença de que ela se forme na junção entre o núcleo externo líquido do planeta, composto principalmente por níquel e ferro, e o manto, uma camada intermediária composta essencialmente por silicatos.