Muro de 576 metros limitava o acesso a uma praia pública agora liberada

Uma praia pública de grande apelo turístico e ambiental no Pontal de Maracaípe, em Ipojuca, Pernambuco, voltou a ser acessível após ações que determinaram a demolição de um muro de 576 metros de extensão.

Construído por um empresário local, o paredão ilegal restringia o acesso da população à faixa de areia e interferia diretamente no equilíbrio ecológico da região, conhecida pela importância ambiental de seus manguezais e restingas.

A estrutura, composta de troncos de coqueiro e sacos de ráfia com areia, havia sido erguida sob a justificativa de combater a erosão costeira.

Entretanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) apontaram que o muro extrapolava as dimensões autorizadas, violava regulamentações ambientais e prejudicava atividades essenciais, como a desova de tartarugas marinhas.

Muro de 576 metros limitava o acesso a uma praia pública agora liberada

Em 2023, o caso foi levado ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que ordenou a remoção completa do muro.

A CPRH, responsável pela fiscalização, começou a derrubada no início de janeiro de 2024, mas encontrou resistência por parte do proprietário.

Este afirmava que a demolição era ilegal e desproporcional, alegando possuir autorizações para a construção inicial, que teria sido expandida sem sua anuência.

Na última terça-feira (14), as operações de remoção avançaram, com cerca de 100 metros da estrutura já demolidos.

Contudo, poucas horas depois, o muro foi reconstruído durante a madrugada, surpreendendo a equipe de fiscalização. Até agora, não há informações sobre os responsáveis pela reerguida.

Especialistas apontaram que a presença do muro não apenas limitava a circulação de moradores, turistas e comerciantes, mas também agravava a degradação ambiental.

A barreira contribuía para o desequilíbrio na movimentação de sedimentos, intensificando a erosão costeira e poluindo o local com resíduos plásticos oriundos dos sacos de ráfia.

Além disso, o bloqueio dificultava o acesso à área de mangue, prejudicando atividades tradicionais como a pesca.

Após uma série de embates jurídicos e protestos da comunidade local, a demolição segue em curso com respaldo das autoridades estaduais.

A liberação da praia representa uma vitória para os moradores e ambientalistas, reforçando a importância de proteger o patrimônio natural e garantir o uso público de espaços costeiros.

O episódio evidencia a necessidade de maior vigilância sobre construções irregulares em áreas sensíveis e destaca o papel das instituições no equilíbrio entre preservação ambiental e desenvolvimento.