Milhões de clientes deixam grande empresa após revelação de fraude

A Americanas, uma das gigantes varejistas do Brasil, está atualmente no centro de uma tempestade financeira e de reputação que abalou profundamente suas operações. O que já foi um império do varejo, com uma vasta base de clientes e uma presença consolidada no mercado, agora se encontra em um estado de crise sem precedentes.

Em um período assustador, a Americanas viu seu número de clientes ativos cair de 49,1 milhões para 42,9 milhões, representando uma redução de 13% em apenas oito meses. O motivo para essa crise foi a revelação de um déficit em seus balanços no final do ano anterior.

A empresa agora enfrenta um desafio ao tentar se reinventar em meio a essa crise. A transformação é necessária em vários níveis, desde otimizar a gestão do espaço físico nas lojas até a reavaliação de seu mix de produtos.

Estratégias para crescer no mercado

Uma das estratégias que a empresa havia adotado era oferecer preços mais baixos em sua plataforma virtual, mas isso não teve o sucesso esperado, especialmente devido às questões de reputação que surgiram. Além disso, o tráfego online da Americanas também diminuiu, uma vez que a empresa teve que reduzir seus investimentos em anúncios nas pesquisas do Google, o que afetou sua visibilidade na web.

Para controlar custos, a empresa optou por uma estratégia de compra de produtos sem manter estoques, o que reduziu seus custos logísticos. No entanto, algumas categorias de produtos praticamente desapareceram das prateleiras virtuais, beneficiando seus concorrentes, como Amazon e Mercado Livre.

O ponto de partida para esses problemas foi a revelação de uma fraude contábil que totalizou mais de R$ 20 bilhões, surgindo uma série de investigações internas e externas e colocou a empresa sob os holofotes da opinião pública e de reguladores. A renúncia do então diretor-presidente da Americanas, Sergio Rial, foi o início de um turbilhão que viu as ações da empresa despencarem, eliminando quase 80% de seu valor de mercado em um único dia.

À medida que comitês internos de investigação e acionistas entraram em cena, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também se envolveu na situação. Questões que envolviam a empresa de auditoria PwC e a diretoria da Americanas apenas tornaram a situação mais delicada, resultando no afastamento completo da diretoria.