Mesmo com queda programa, El Niño ainda vai influenciar no clima nos próximos meses

Em 2023, o mundo enfrentou os efeitos do El Niño, que é caracterizado pelo aumento anormal das águas do oceano próximo à linha do Equador. Até o momento, o planeta ainda está sob os efeitos do fenômeno, embora ele deva terminar ainda este ano, mas nos próximos meses os cientistas meteorológicos afirmam que ele deve continuar influenciando no clima de diversas regiões. 

Segundo a última atualização da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o fenômeno deve acontecer até maio, sendo 60% de chances dos impactos continuarem afetando o clima nesse período. Além disso, é possível que o El Niño entre em neutralidade a partir de junho e comece a diminuir os impactos. 

O El Niño de 2023-24 atingiu seu pico de intensidade máxima entre os meses de novembro de 2023 e janeiro de 2024, consolidando-se como um dos cinco El Niños mais fortes já registrados, mas ainda mais fraco do que os Super El Niños de 1997/98 e 2015/16, de acordo com a OMM. 

Durante fevereiro de 2024, tanto o oceano quanto a atmosfera sobre o Pacífico tropical indicavam condições de El Niño, mas com uma diminuição principalmente das anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região do Niño 3.4. Dessa forma, o evento climático está, aos poucos, enfraquecendo. Apesar disso, os impactos no clima global ainda são esperados nos próximos meses, embora em menor intensidade.

Fenômeno La Niña 

Segundo dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), órgão que executa o monitoramento de mudanças e fenômenos climáticos no mundo, existe 75% do fenômeno climático La Niña acontecer entre 2024 e 2025.

Dessa forma, é possível que outro fenômeno tenha início após o término do El Niño, o chamado La Niña, que tem o efeito contrário do El Niño e acaba causando o resfriamento anormal das águas do oceano. 

Para Willians Bini, meteorologista e Chief Climate Officer (CCO) da FieldPRO, o inverno deste ano deve contar com a presença do fenômeno e suas consequências. “O cenário deve mudar rapidamente nos próximos meses. Entre julho e agosto, podemos ter o início do La Niña, o que traz impactos extremamente importantes para o agronegócio brasileiro”, afirma o especialista. 

Diferenças entre La Niña e El Niño 

Ambos os fenômenos são parte do El Niño-Oscilação Sul (Enos). Enquanto o El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico, o La Niña corresponde ao seu resfriamento, devido ao aumento da ressurgência na costa oeste sul-americana provocada por ventos alísios mais intensos.

O La Niña ocorre a cada intervalo de dois a sete anos, com duração de nove meses. Durante esse fenômeno, as regiões do leste e sudeste asiáticos e os países da Oceania experimentam chuvas intensas e aumento das temperaturas, enquanto a costa oeste da América do Norte e a América Central têm frio intenso, com a combinação de tempo frio e chuvas volumosas, assim como toda a costa pacífica sul-americana.

Nos estados brasileiros, o fenômeno apresenta algumas mudanças climáticas que podem ser preocupantes, como secas severas e muito calor na região Sul e chuvas torrenciais no Norte e Nordeste, com chances de alagamentos e enchentes.