Nesta terça-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não observou nada “grave” ou “assustador” nas eleições realizadas na Venezuela no último fim de semana, e descreveu a contestação da reeleição de Nicolás Maduro pela oposição como um “processo normal”.
Esta é a primeira vez que Lula comenta sobre as eleições realizadas no domingo (28). Sua declaração foi feita em uma entrevista para a TV Centro América, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso. O presidente enfatizou que essa manifestação não representa um reconhecimento oficial dos resultados por parte do governo brasileiro.
Neste texto você encontrará:
A entrevista não constava na agenda oficial da Presidência para a manhã de terça-feira. A inclusão desse compromisso na agenda ocorreu somente às 17h27 (horário de Brasília), após a divulgação das declarações pela GNews.
Veja também: Venezuela fecha espaço aéreo para Argentina após confisco de avião pelos EUA
Pronunciamento de Lula
Durante uma conversa com Nicolás Maduro, o ex-chanceler Celso Amorim, que atuou como assessor especial para observar a votação, enfatizou a solicitação das atas eleitorais. O governo brasileiro espera concluir uma análise interna antes de emitir uma declaração oficial.
Lula também abordou a nota emitida pelo PT, que qualificou a eleição como pacífica, democrática e soberana. Segundo Lula, o partido “fez o que deveria” e o comunicado serve como um “elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas”. Além disso, a nota ressaltou que Lula confirmou o compromisso do Brasil em promover a normalização do processo político na Venezuela.
O presidente sustentou que a resolução para a crise depende da divulgação das atas eleitorais. Caso surjam disputas entre a oposição e o governo, a oposição pode recorrer à Justiça, que decidirá a questão. Lula afirmou que a situação não é alarmante e criticou a imprensa brasileira por, segundo ele, tratar o assunto de maneira exagerada.
Nota do governo
O PT divulgou uma nota reconhecendo a eleição como pacífica e louvando o povo venezuelano, mas observou que, apesar da declaração de vitória de Maduro pelo tribunal eleitoral, a oposição ainda não aceitou o resultado. O comunicado ressalta que não há motivos para pânico, em contraste com a cobertura da mídia brasileira.
O Ministério das Relações Exteriores ainda não enviou congratulações a Nicolás Maduro e, em um comunicado divulgado na segunda-feira (29), informou que está aguardando a “publicação dos dados desagregados por mesa de votação”.
Eleições da Venezuela
Apesar da declaração de vitória de Maduro com 51,2% dos votos, a oposição e líderes internacionais alegaram fraude. A OEA (Organização dos Estados Americanos) apontou “irregularidades, ilegalidades e práticas inadequadas” no processo eleitoral.
Na segunda-feira, Maduro foi anunciado como presidente, apesar da falta de divulgação das atas eleitorais. Os protestos que se espalharam por diversas cidades da Venezuela resultaram em pelo menos 11 mortes, com manifestantes exigindo a recontagem dos votos e derrubando estátuas de Hugo Chávez.