Inverno nuclear: o que é e como eles acontecem

Na segunda metade do século XX, durante o período da guerra fria, surgiu a expressão “Inverno Nuclear”, criada por pesquisadores estadunidenses após possíveis mudanças climáticas no mundo no caso de uma guerra nuclear envolvendo os Estados Unidos e a União Soviética.

Neste caso, os estudos foram conduzidos por Richard P. Turco, Owen B. Toon, Thomas P. Ackerman, James B. Pollack e Carl Sagan. A pesquisa, publicada em 1983, recebeu o título de “Consequências Atmosféricas e Climáticas a Longo Prazo de um Conflito Nuclear”, ou apenas TTAPS, sendo uma referência ao nome dos cinco pesquisadores. 

Dessa forma, a pesquisa TTAPS foi a primeira a explorar os impactos da enorme quantidade de pó e fumaça liberada por explosões nucleares e incêndios associados. Assim, ficou comprovado que este manto de partículas tinha potencial para perturbar a atmosfera, desencadeando alterações climáticas em escala global.

Diversos cenários, contemplando diferentes níveis de megatonagem e locais de detonação, foram examinados, todos apontando para consequências catastróficas tanto no âmbito atmosférico quanto no radiológico. Nesse sentido, implicaria em quedas drásticas de temperatura, prolongadas reduções na luminosidade diurna e uma propagação desses efeitos para regiões distantes, incluindo o Hemisfério Sul, gerando um inverno nuclear temido mesmo durante os meses de verão.

Consequências das mudanças climáticas

Uma equipe de pesquisadores, liderada por Carl Sagan, analisou as consequências físicas, atmosféricas e biológicas de um cenário catastrófico onde a luz do sol é bloqueada, resultando em reduções na quantidade de luz solar que alcança a superfície terrestre. 

As conclusões do estudo alertam para graves consequências, incluindo temperaturas glaciais, possíveis agressões relacionadas à exposição à radiação e precipitações, bem como o empobrecimento da camada de ozônio e a liberação de gases tóxicos pela combustão de materiais sintéticos.

Portanto, os impactos não apenas comprometem a agricultura, mas seriam o suficiente para causar uma crise global de abastecimento prolongada e também abalariam os ecossistemas do planeta, colocando em risco a diversidade de seres vivos e ameaçando a saúde da população com doenças e mortes em larga escala.

Além disso, um dos momentos mais importantes da história mundial foi quando cientistas estadunidenses e soviéticos se conectaram na épica Conexão Moscou, usando comunicações via satélite para um intercâmbio de informações científicas ao vivo. 

Dessa forma, a iniciativa refletiu o crescente reconhecimento das repercussões devastadoras de uma possível guerra nuclear, com uma conclusão unânime: tal conflito tinha capacidade para impactar a civilização humana e, em uma situação extrema, destruiria a vida na Terra.  

Ao mesmo tempo, uma equipe de biólogos começou analisar os impactos da escuridão prolongada e mudanças climáticas extremas sobre elementos dos ecossistemas, desde fitoplâncton e zooplâncton até formas de vida terrestres, considerando exposição à radiação ionizante e luz ultravioleta, além da interrupção generalizada dos ecossistemas vitais para sustentar a vida humana e a produção de alimentos. 

Para finalizar, ficou concluído que esses efeitos poderiam ser catastróficos de uma maneira inimaginável anteriormente, alertando para a possibilidade real e alarmante de extinção da humanidade e de muitas espécies selvagens. Então, a pesquisa serviu para alertar sobre os perigos das armas nucleares e impedir que uma catástrofe acontecesse.