Os Badjao, uma tribo conhecida por sua habilidade extraordinária de prender a respiração debaixo d’água por longos períodos, enfrentam uma ameaça existencial que coloca em risco não apenas sua tradição milenar, mas também sua própria sobrevivência como povo.
Essa comunidade, que vive em palafitas na província de Tawi Tawi, nas Filipinas, desenvolveu ao longo das gerações uma capacidade única de mergulho livre, chegando a prender a respiração por incríveis 13 minutos.
Os Badjao aprenderam desde tenra idade a arte do mergulho, uma prática fundamental para sua sobrevivência. Algumas crianças da tribo começam a aprender a mergulhar praticamente desde o nascimento, antes mesmo de aprenderem a andar. Esta habilidade extraordinária é atribuída a uma mutação genética única no baço, que os permite reter mais oxigênio no sangue, transformando-o em um “tanque de mergulho biológico”.
Veja a seguir:
Impacto da poluição e do estilo de vida moderno
No entanto, essa habilidade ancestral está sob ameaça. A introdução de práticas ocidentalizadas, aliada à poluição do mar causada pelo avanço do chamado “progresso” em Tawi Tawi, está minando os hábitos e costumes tradicionais dos Badjao. A compra de produtos embalados em plástico em vez de papel, por exemplo, tem contribuído para o aumento da poluição marinha, afetando a qualidade da água e reduzindo o tempo que muitos Badjao conseguem ficar debaixo d’água.
Apesar dos desafios, alguns membros mais velhos da tribo resistem à mudança, mantendo viva a tradição milenar. São eles que praticam a pesca submarina em longas maratonas de mergulho, utilizando técnicas e equipamentos tradicionais, como arpões e óculos de natação feitos em casa. O mar, para esses Badjao mais velhos, não é apenas uma fonte de subsistência, mas uma conexão sagrada com seus antepassados.
Descobertas científicas sobre a capacidade dos Badjao
Um estudo recente publicado no periódico Cell revela os primeiros indícios de que uma mutação de DNA que aumentou o baço fornece aos Badjao uma vantagem genética para viver nas profundezas. Comparando o tamanho do baço dos Badjao com o de outro grupo étnico, os pesquisadores descobriram uma diferença significativa, sugerindo que a seleção natural ao longo dos milênios contribuiu para essa adaptação.
Enquanto a tradição Badjao enfrenta ameaças crescentes, a preservação desse modo de vida único torna-se uma questão urgente. A ligação dos Badjao com o mar e com suas tradições ancestrais não é apenas parte de sua identidade cultural, mas também um testemunho vivo da extraordinária diversidade humana e da adaptabilidade da espécie.
À medida que os Badjao lutam para manter sua herança, é imperativo que medidas sejam tomadas para proteger não apenas seu modo de vida, mas também os recursos naturais que sustentam essa comunidade única.