Grande empresa pode deixar o Brasil após 28 anos

A possível saída da AES Corporation do Brasil, após 28 anos de investimento no mercado energético do país, levanta uma série de reflexões e preocupações sobre o cenário econômico e regulatório do setor. A AES, gigante norte-americana da energia, detentora de participações em empresas como Light e AES Tietê, representou um importante player no desenvolvimento e na operação de sistemas de geração e distribuição de eletricidade em várias regiões brasileiras.

Os primeiros sinais dessa possível mudança surgiram recentemente, com a contratação dos bancos Itaú e Goldman Sachs para auxiliar na venda dos ativos da AES Corporation no Brasil. A notícia, divulgada pelo colunista Lauro Jardim, gerou especulações e incertezas no mercado financeiro e energético brasileiro.

A AES Brasil, por sua vez, emitiu um comunicado ao mercado, confirmando a avaliação de alternativas pela controladora AES Corporation para financiar seu crescimento e reforçar sua estrutura de capital. Porém, ressalta que ainda não há uma decisão definitiva sobre uma possível saída do país.

A eventual partida da AES Corporation do Brasil não surpreenderia completamente o mercado, considerando que a empresa já vinha se desfazendo de alguns de seus ativos brasileiros nos últimos anos, como foi o caso da Eletropaulo, onde a Enel assumiu a participação majoritária.

Dificuldades que a empresa pode enfrentar

Tuanny Blumer, analista da Black Financial, destaca as dificuldades que a AES pode enfrentar na venda de seus ativos brasileiros, especialmente diante do atual cenário de preços baixos no mercado de eletricidade e das incertezas econômicas e regulatórias do país. Esses fatores podem impactar significativamente os planos da AES e dificultar as operações de fusões e aquisições no setor de geração de energia.

No entanto, é importante ressaltar que a AES Brasil apresentou resultados financeiros relativamente sólidos no terceiro trimestre de 2023, com um lucro líquido de R$ 124,4 milhões e uma receita líquida que superou as expectativas. Isso pode representar um atrativo para potenciais investidores, apesar das preocupações em torno do contexto regulatório e econômico.

Os analistas financeiros sugerem que os investidores aguardem a Oferta Pública de Aquisição (OPA) para avaliar a melhor estratégia em relação às suas posições na AES Brasil. João Lucas Tonello, da Benndorf Research, alerta para a volatilidade das ações da AES e recomenda cautela aos investidores, especialmente diante da incerteza em torno da possível saída da empresa do mercado brasileiro.