Frio congela ondas de praia e imagens viraliza na internet

Na semana passada, fotos de ondas do mar congeladas em uma praia na costa da Argentina ganharam grande popularidade nas redes sociais. Esse fenômeno impressionante foi registrado na região de San Sebastián, localizada na Patagônia Argentina, uma área pertencente ao arquipélago chamado Terra do Fogo.

O fenômeno do gelo marinho, responsável pelas ondas congeladas, é típico em regiões de alta latitude, como o Ártico e a Antártica. Essas áreas são caracterizadas por temperaturas extremamente baixas e condições climáticas severas, que promovem a formação de gelo marinho.

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Imagem das ondas congeladas na praia da Argentina (Foto: reprodução/O Presente)

As ondas do mar congeladas têm um papel crucial na preservação da biodiversidade oceânica. Segundo Francisco Aquino, climatologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), essas estruturas de gelo são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.

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Praia congelada

Na área da Patagônia onde as imagens foram capturadas, a camada de gelo tem uma espessura média de 15 a 20 centímetros. Embora frágil, essa camada pode persistir por alguns dias ou até semanas, dependendo das condições climáticas. Durante esse tempo, a praia adquire uma aparência quase mágica, atraindo fotógrafos, cientistas e curiosos.

Porém, nas regiões mais próximas aos polos, essa camada de gelo marinho é consideravelmente mais espessa e pode durar anos. Nesses locais, tanto pesquisadores quanto animais podem literalmente caminhar sobre o mar congelado para chegar ao oceano aberto ou às áreas centrais dos continentes.

Impacto climático

A superfície do gelo não é cristalina devido ao sal presente na água do mar, que impede a formação de uma estrutura uniforme. O sal dissolve-se a uma temperatura inferior à da água pura, resultando em uma mistura que congela de maneira distinta.

No entanto, conforme explicado por Aquino, quando as condições meteorológicas são ideais, ocorre um processo gradual de expulsão do sal, permitindo que a água do mar congele de maneira mais sólida e homogênea, resultando nas impressionantes ondas congeladas.

Esse deslocamento de ar frio foi amplificado por padrões climáticos globais, como as mudanças climáticas e o fenômeno El Niño. Francisco explicou que esses fatores alteraram o padrão de circulação atmosférica, tornando-o mais intenso recentemente, o que tem resultado em um aumento das nevascas em períodos curtos.

Gelo marinho

O gelo marinho é uma ocorrência natural comum durante invernos rigorosos. No incidente viralizado na Argentina, o congelamento das ondas foi desencadeado por uma massa de ar extremamente frio que se deslocou do Mar de Weddell em direção à Patagônia.

Em maio de 2024, foram observadas áreas congeladas maiores no Mar de Weddell, o que influenciou a formação do gelo em San Sebastián em comparação com anos anteriores. Essas flutuações no gelo marinho são cuidadosamente monitoradas por pesquisadores, visando uma melhor compreensão dos impactos das mudanças climáticas nos ecossistemas polares.

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Mar de Weddell (Foto: reprodução/Marie Massarico/Wikipedia)

Situação dos animais marinhos

De acordo com o professor Francisco Aquino, o gelo marinho não apresenta impactos negativos sobre os animais. Ele salienta que o fenômeno é até benéfico, pois a formação de gelo marinho promove condições na região Ártica e na Antártica com água mais fria, mais salina e com maior teor de oxigênio.

Essa água oxigenada é vital para a sobrevivência de diversas espécies marinhas, que contam com essas condições para prosperar. Portanto, embora as imagens de ondas congeladas possam parecer apenas uma atração visual, elas na verdade exemplificam um fenômeno natural significativo e intricado, com implicações ecológicas de grande relevância.