Fibrose cística: medicamento que custa de R$ 92 mil chegou ao SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) agora disponibiliza um novo e revolucionário medicamento para fibrose cística. O Trikafta, composto por elexacaftor/tezacaftor/ivacaftor e ivacaftor, da Vertex Farmacêutica, chega como uma esperança para milhares de brasileiros que sofrem com essa doença genética. O medicamento é considerado um “supermedicamento” devido à sua eficácia em tratar a causa da doença, proporcionando uma significativa melhoria na qualidade e na expectativa de vida dos pacientes.

A inclusão do Trikafta no SUS é um marco importante na luta contra a fibrose cística no Brasil. A médica Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, destaca que essa nova terapia traz uma opção terapêutica inovadora para pacientes a partir dos 6 anos. Ela ressalta que o tratamento visa diretamente a causa da doença, o que assegura uma melhor qualidade de vida para os pacientes e suas famílias.

O Trikafta pertence à classe de medicamentos conhecidos como moduladores da função da CFTR, desenvolvida em 2012. Esses moduladores revolucionaram o tratamento da fibrose cística ao tratar o defeito básico da doença. A fibrose cística é causada por mutações no gene CFTR, responsável pela regulação de cloreto e bicarbonato nas células das glândulas mucosas, resultando em secreções corporais espessas e pegajosas que afetam vários órgãos.

Medicamento para fibrose cística chega ao SUS.
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Impacto do medicamento na vida dos pacientes

O Dr. Salmo Raskin, geneticista e diretor do Laboratório Genetika em Curitiba, descreve o Trikafta como um “super remédio”. Segundo ele, o medicamento é muitas vezes considerado um “milagre” na Europa e nos Estados Unidos, devido à sua capacidade de praticamente eliminar os problemas pulmonares e aumentar a expectativa de vida dos pacientes, que atualmente gira em torno de 40 anos.

A chegada do Trikafta ao SUS foi precedida por intensas campanhas de associações de pacientes e grupos da sociedade civil. Em fevereiro do ano passado, 34 associações de pacientes de fibrose cística solicitaram ao governo federal que ampliasse o acesso a esses medicamentos por meio da licença compulsória. No entanto, essa ação não foi necessária, pois em setembro do mesmo ano, a Conitec aprovou a incorporação do Trikafta, e em poucos meses, o medicamento já estava disponível para os pacientes.

A fibrose cística no Brasil e a importância do Trikafta

A fibrose cística é a doença genética grave mais comum da infância no Brasil. Segundo o Grupo Brasileiro de Estudos em Fibrose Cística (GBEFC), existem 6.112 pacientes identificados no país, sendo que 74% são menores de 18 anos. A doença, sem tratamento adequado, pode ser fatal, com metade dos óbitos ocorrendo antes dos 18 anos. A necessidade de transplantes de pulmão também é comum devido às repetidas infecções pulmonares.

O Trikafta é indicado para pacientes com fibrose cística com pelo menos uma mutação F508del no gene CFTR. É o mais moderno e caro medicamento dessa classe, com um custo de até R$ 92 mil por caixa, conforme valores da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). No entanto, sua eficácia é inegável, abrangendo o maior número de pacientes e melhorando significativamente suas vidas.

Fernando Afonso, gerente da Vertex no Brasil, expressou sua gratidão às autoridades de saúde pela rápida colaboração que permitiu o acesso ao Trikafta. Ele afirmou que essa terapia moduladora de CFTR tem o potencial de mudar o curso da doença em um estágio inicial, oferecendo uma nova esperança para a comunidade de fibrose cística no Brasil.