Fenômeno invade o sistema solar e altera o clima da Terra

Um novo estudo, publicado em 11 de junho, apontou que um fenômeno invadiu o sistema solar, trazendo alterações no clima da Terra. Os pesquisadores descobriram, pela primeira vez, que um encontro entre o Sol e um fator externo, que está sendo o principal responsável por trazer mudanças climáticas para o planeta. 

O estudo foi realizado por pesquisadores e especialistas da Universidade de Boston, nos Estados Unidos. Há milhões de anos, o período glacial da Terra diminuiu drasticamente a temperatura na superfície e atmosfera, sendo a principal responsável pela grande extinção de animais da crosta terrestre. O estudo descobriu que a temperatura não foi alterada apenas por fatores internos. 

Segundo a pesquisa, é possível que uma nebulosa tenha atravessado o Sistema Solar durante o período, alterando a temperatura na Terra e causando as mudanças climáticas extremas. 

Surgimento da era glacial 

Até então, os cientistas acreditavam que as eras glaciais antigas surgiram a partir de outros eventos, por exemplo em decorrência da inclinação e rotação do planeta, movimentação das placas tectônicas, erupções vulcânicas, assim como os níveis de dióxido de carbono na atmosfera.

No entanto, as novas pesquisas apontam que, há dois milhões de anos, uma nuvem densa e fria, formada por poeira e gás, invadiu o Sistema Solar, interferindo diretamente no comportamento da temperatura do planeta, o que explica as mudanças drásticas, algo capaz até mesmo de alterar o fluxo do vento solar, algo que não tinha sido registrado antes.

Os cientistas descobriram que a passagem de uma nebulosa interestelar causou a contração da heliosfera, a região magnética que envolve o Sol e nos protege da radiação do espaço interestelar. Durante este evento, a Terra teria ficado temporariamente fora da heliosfera, expondo-nos a radiações potencialmente perigosas. 

Além disso, o fenômeno pode ter durado de alguns séculos a até um milhão de anos, afetando o ambiente e a vida no nosso planeta.

É importante notar que, há dois milhões de anos, nossos ancestrais conviviam com espécies como tigres dentes-de-sabre, mastodontes e grandes roedores. O físico espacial Merav Opher, especialista na heliosfera, destacou que este estudo é pioneiro ao demonstrar quantitativamente o impacto de um encontro entre o Sol e uma nuvem interestelar, sugerindo que tais eventos podem ter influenciado o clima terrestre.

O que é uma nebulosa?

Uma nebulosa é uma vasta nuvem de gás e poeira no espaço interestelar, frequentemente localizadas em regiões onde novas estrelas estão se formando. Elas podem variar em tamanho, forma e composição, e são geralmente compostas de hidrogênio, hélio e outros elementos mais pesados em menores quantidades. Nebulosas podem ser iluminadas por estrelas próximas, tornando-se visíveis a partir da Terra.

Existem diferentes tipos de nebulosas, cada uma com suas características únicas. Nebulosas de emissão, por exemplo, brilham intensamente devido ao gás ionizado pelas radiações de estrelas jovens e quentes. Já as nebulosas de reflexão não emitem luz própria, mas refletem a luz das estrelas próximas. 

Além disso, nebulosas planetárias representam a fase final da vida de estrelas de massa intermediária, que expeliram suas camadas externas e deixaram um núcleo quente e denso chamado anã branca no centro.

No caso da nebulosa que invadiu a Terra, uma Era do Gelo teve início há 2,6 milhões de anos, coincidindo com o encontro do Sistema Solar e uma nebulosa, conforme uma simulação. 

Embora o estudo não comprove que as nuvens interestelares causaram o período glacial, sugere que a Terra, sem a proteção da heliosfera, ficou mais exposta a elementos como ferro e plutônio. 

Assim, evidências de aumento desses isótopos foram encontradas na neve da Antártida, em sedimentos marinhos e no solo lunar. Os pesquisadores acreditam que a interrupção temporária da heliosfera alterou o clima terrestre e planejam investigar a posição do Sol há sete milhões de anos para entender melhor essas mudanças.