As constantes panes nos sistemas de processamento de dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) têm sido um obstáculo significativo na redução da longa fila de pedidos de benefícios, deixando milhões de segurados em uma espera angustiante.
Um levantamento realizado pelo GLOBO, com base em dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelou que entre janeiro de 2023 e meados de abril deste ano, o INSS registrou 164 interrupções em seus diferentes sistemas, totalizando mais de dois meses de tempo fora do ar em pouco mais de um ano.
Essas falhas nos sistemas prejudicaram a análise de 3,4 milhões de processos, representando cerca de 13,4% dos processos analisados pelo INSS durante o período mencionado. Com os sistemas fora do ar, os servidores enfrentam dificuldades para dar andamento nos pedidos de benefícios, contribuindo para o agravamento da já enorme fila de espera.
As interrupções afetam diversos sistemas cruciais do INSS, desenvolvidos e administrados pela estatal federal Dataprev. O Sistema de Informações de Registro Civil (Sirc), responsável pela concessão do salário-maternidade, é um dos mais afetados, com um total de 20 dias fora do ar. O Gerenciador de Tarefas (GET), utilizado em serviços como o “Meu INSS” e o canal telefônico 135, também enfrentou 50 falhas durante o período analisado.
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Desafios do INSS para a Redução da Fila
Essas falhas nos sistemas do INSS complicam os esforços do governo para reduzir a fila de pedidos de benefícios. Embora tenha havido uma diminuição de 3,4% no estoque de pedidos pendentes em abril, para 1,4 milhão, o tempo médio de espera ainda é de 39 dias. Quando considerados outros tipos de processos à espera de solução, como recursos de decisões iniciais, a fila chega a 4,49 milhões.
As consequências dessas falhas nos sistemas são profundamente sentidas pelos segurados do INSS. Pessoas como Rita Ribeiro, operadora de telemarketing de 55 anos, têm suas vidas em suspenso enquanto aguardam uma resposta sobre seus benefícios. Após enfrentar meses de espera e desilusão com o valor inicial de sua aposentadoria, Rita ainda aguarda o julgamento de um recurso, enquanto continua trabalhando.
Medidas Necessárias
Para lidar com esse problema, o Tribunal de Contas da União (TCU) destacou a necessidade de investimentos na infraestrutura digital do INSS, além de recomendar a utilização de inteligência artificial para acelerar a análise de processos.
O Ministério da Previdência Social tomou algumas medidas, como a reestruturação do Conselho de Recursos e a nomeação de novos conselheiros, mas mais esforços são necessários para resolver essa questão. Em resposta, o INSS assegurou que o governo está comprometido em melhorar o atendimento, destacando a importância dos investimentos para a eficiência dos gastos da Previdência Social.