Experimento Social: CVM cria site falso para mostrar como brasileiro é suscetível a golpes financeiros

Um experimento realizado pela Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), revelou que quase metade dos brasileiros está suscetível a cair em golpes financeiros. A iniciativa visa alertar a população sobre os riscos e as características das fraudes, destacando a importância da educação financeira para evitar essas situações.

Durante quatro meses do segundo semestre de 2023, a Anbima e a CVM mantiveram no ar um site falso que simulava uma corretora fictícia, oferecendo retornos altos e rápidos ao investir em criptomoedas.

Com erros de português, falta de informações sobre o CNPJ da empresa e incentivo a esquemas de pirâmide financeira, a página tinha todos os elementos para levantar suspeitas entre investidores mais atentos. No entanto, surpreendentemente, 48% dos visitantes únicos foram seduzidos pela promessa de lucro fácil, totalizando 49 mil pessoas.

Experimento mostra perfil dos investidores suscetíveis

Marcelo Billi, superintendente de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima, ressalta que qualquer pessoa está sujeita a cair em golpes financeiros, independentemente de sua instrução, renda ou capacidade cognitiva. Uma pesquisa da CVM revelou que 91% das vítimas de golpes financeiros são homens, com idade entre 30 e 39 anos, renda familiar entre 2 e 5 salários-mínimos e pós-graduação. As criptomoedas foram o produto de investimento mais citado pelas vítimas.

Diante desse cenário, é essencial que os investidores estejam atentos a sinais de possíveis fraudes e adotem medidas para proteger seu patrimônio. A CVM oferece algumas orientações:

  • Desconfie de promessas de lucros altos em curto prazo e de informações insuficientes.
  • Verifique o CNPJ das empresas e consulte a lista pública de instituições participantes do mercado de capitais.
  • Em caso de fraude, comunique imediatamente ao banco e faça um Boletim de Ocorrência nas autoridades policiais.

Para Luís Mauro Moura, supervisor do Núcleo Bancário da Nelson Wilians Advogados, o primeiro passo ao ser vítima de uma fraude é comunicar ao banco. Ele destaca a importância de agir rapidamente, pois a chance de reembolso é maior. Em casos envolvendo o Pix, o bloqueio cautelar é recomendado, além do registro de Boletim de Ocorrência e a reunião de toda documentação para providências legais.

Educação financeira em destaque

A Semana Nacional de Educação Financeira, promovida pela CVM, é uma oportunidade para disseminar conhecimento e conscientizar a população sobre a importância de uma educação financeira sólida. Nathalie Vidual, Superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM, destaca a necessidade de alcançar especialmente o público economicamente vulnerável, incentivando o engajamento em iniciativas educativas.

Diante dos desafios apresentados pelo mundo financeiro, a conscientização e a educação financeira se tornam armas poderosas na defesa dos interesses dos investidores e na prevenção de fraudes.