Exclusivo: comenta que vai passar próximo da Terra deve brilhar tanto quanto Vênus

Nos próximos dias, os brasileiros podem aguardar por um evento astronômico que está gerando grande expectativa. Neste caso, será a passagem do cometa C/2023 A3, também conhecido como Tsuchinshan-ATLAS, pela Terra. Descoberto em fevereiro de 2023, esse cometa pode alcançar um brilho comparável ao de Vênus, podendo ser avistado no hemisfério sul.

O cometa foi inicialmente avistado a uma distância de aproximadamente 1,09 bilhões de quilômetros do Sol, bem além da órbita de Júpiter. Em 27 de setembro de 2024, o Tsuchinshan-ATLAS fará sua máxima aproximação ao Sol, chegando a cerca de 58 milhões de quilômetros da estrela, uma distância equivalente à média entre Mercúrio e o Sol. Pouco depois, em 12 de outubro, o cometa estará a 71 milhões de quilômetros da Terra, momento em que seu brilho pode se igualar ao de Vênus, especialmente em torno do dia 8 de outubro.

A visibilidade do cometa no Brasil e no hemisfério sul dependerá de seu comportamento à medida que se aproxima do Sol. Cometas são notoriamente imprevisíveis, e o Tsuchinshan-ATLAS não é exceção. Vindo da Nuvem de Oort, uma região distante repleta de corpos gelados além do Sistema Solar, sua observação pode ser frustrada por uma diminuição repentina de brilho. 

Contudo, se o cometa manter um brilho constante desde o final de julho, as chances de observá-lo no céu do hemisfério sul aumentam de forma considerável.

Informações sobre o cometa

O Tsuchinshan-ATLAS foi detectado pela primeira vez em 22 de fevereiro de 2023 através do sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), que opera na África do Sul e é projetado para identificar asteroides próximos à Terra com antecedência. A princípio, o cometa tinha sido confundido com um asteroide, imagens subsequentes do Observatório da Montanha Púrpura, na China, confirmaram sua natureza. 

Além disso, os cálculos orbitais sugerem que o cometa se originou na Nuvem de Oort, uma vasta coleção de objetos gelados nos confins do Sistema Solar. A região é conhecida por abrigar bilhões de cometas ainda desconhecidos, e o Tsuchinshan-ATLAS pode ser um visitante vindo desse distante depósito cósmico.

Enquanto a comunidade astronômica aguarda com ansiedade a passagem do Tsuchinshan-ATLAS, resta apenas observar e torcer para que ele mantenha seu brilho. Se tudo correr como esperado, o cometa poderá se tornar um dos eventos celestiais mais memoráveis dos últimos tempos, iluminando os céus do hemisfério sul e oferecendo uma experiência visual única para observadores ao redor do mundo.

O que são cometas e como eles são formados?

Cometas são corpos celestes compostos principalmente por gelo, poeira e materiais orgânicos. Eles orbitam o Sol em trajetórias geralmente elípticas e, ao se aproximarem do astro, exibem uma característica cauda brilhante que pode se estender por milhões de quilômetros. Esse fenômeno faz dos cometas alguns dos objetos mais fascinantes e observáveis do espaço sideral.

Os cometas são formados a partir dos restos da nebulosa primordial que deu origem ao Sistema Solar. Dessa forma, eles se originam na nebulosa solar, uma vasta nuvem de gás e poeira que existiu há cerca de 4,6 bilhões de anos. À medida que a nebulosa se contraiu sob a força da gravidade, formou-se um disco protoplanetário ao redor do jovem Sol.

Dentro desse disco, partículas de gelo e poeira começaram a se agrupar por meio de forças eletrostáticas e, eventualmente, gravitacionais, formando pequenos corpos chamados planetesimais.

A maior parte dos cometas se formou nas regiões externas do Sistema Solar, especificamente no Cinturão de Kuiper e na Nuvem de Oort. O Cinturão de Kuiper é uma região além de Netuno que contém muitos corpos gelados, enquanto a Nuvem de Oort é uma vasta esfera de material cometário que circunda o Sistema Solar a uma grande distância.

Apesar disso, os cientistas já observaram que os cometas podem ser “puxados” para o interior do Sistema Solar por perturbações gravitacionais causadas por planetas gigantes, como Júpiter, ou pela interação com outras estrelas que passam perto do Sistema Solar. Essas perturbações podem alterar suas órbitas, levando-os a viajar em direção ao Sol.

Em muitos casos, os cometas podem ser vistos a olho nu. Por isso, caso queira observar a passagem de um, como o Tsuchinshan-ATLAS, basta olhar para o céu, com condições climáticas adequadas, que será possível avistá-lo durante sua passagem pela Terra. Embora o uso de telescópios também seja recomendado.