Entenda o motivo dos investidores estrangeiros evitarem o Brasil

Nos últimos anos, os investidores estrangeiros têm evitado o mercado financeiro brasileiro, algo que está impactando o mercado nacional. Os especialistas acreditam que vários fatores estão relacionados a isso. 

A confiança dos investidores estrangeiros no Brasil tem mostrado sinais de enfraquecimento. Segundo Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, o cenário econômico do país é visto como “complexo” e “difícil”. Diversos fatores contribuem para essa visão negativa e afastam o interesse de investimento no Brasil.

“O sentimento do Brasil deteriorou um pouco, com essa mudança prematura das metas fiscais, com a própria decisão do Copom dividida, desenvolveu algum ruído, o próprio governo muito investido em aumentar a receita, com pouca vontade de controlar o gasto, o manejo das empresas públicas, Petrobras (PETR4), esse episódio da Eletrobras (ELET6), da Vale (VALE3)”, diz.

Com taxas de juros mais altas nos EUA, os investidores tendem a optar por mercados considerados mais seguros e estáveis, em detrimento de países como o Brasil, que apresentam maior risco e volatilidade. Nesse sentido, a dinâmica resulta em uma fuga de capital estrangeiro do mercado brasileiro, evidenciada pela saída de R$ 3,2 bilhões entre 28 de maio e 5 de junho, somando uma retração acumulada de R$ 37,5 bilhões no ano.

“Nesse contexto de algum ruído, bastante ruído na parte fiscal, acabou por acender um pouco o sentimento. Não há, neste momento, grande interesse”, coloca.

Comparação com outros mercados 

Mesmo com vantagens como energia limpa e potencialmente barata, além de ser um país relativamente homogêneo e pacífico, o Brasil enfrenta concorrência acirrada de outros mercados emergentes. 

Por exemplo, os investidores que estão saindo da China tendem a direcionar seus recursos para países como Índia, Indonésia, Tailândia e México. Este último, além de estar próximo aos Estados Unidos, possui um tratado de livre comércio com o país norte-americano e uma base industrial mais desenvolvida que a brasileira.

A preferência por outros mercados emergentes é reforçada por eventos políticos e econômicos regionais. No México, a vitória esmagadora de Claudia Sheinbaum, apoiada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, gerou incertezas no mercado financeiro local. Apesar disso, a posição geográfica estratégica do México e seus acordos comerciais robustos continuam a atrair mais investimentos estrangeiros em comparação com o Brasil.

“O Brasil não aparece muito bem posicionado, se o cara sair da China, ele provavelmente pode ir para a Índia, para a Indonésia, para a Tailândia, para o México, próximo dos Estados Unidos, o México tem um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, tem o SMCA, o sucessor do NAFTA, o México tem uma base industrial com muito maior densidade do que o Brasil, são esses fatores que, no final, fazem a diferença”, afirmou Ramos.

Por enquanto, ainda é cedo para dizer como ficará a situação do mercado financeiro brasileiros nos próximos meses. Porém, economistas afirmam que o cenário é negativo, mas que a economia é volátil e pode apresentar mudanças ao longo da segunda metade do ano.