Em meio à crise climática, vencedor do Nobel reforça que ‘Preservação da Amazônia passa pelo combate ao crime organizado’

O ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos, coroado com o Nobel da Paz em 2016, destacou a necessidade urgente de uma ação conjunta para preservar a Amazônia. Em recente entrevista, ele enfatizou que a preservação da floresta não se limita apenas ao combate ao desmatamento, mas também envolve enfrentar o crime organizado, que atualmente controla grande parte da região. Santos ressaltou que, sem um esforço coordenado entre os países amazônicos, qualquer tentativa de conservação será insuficiente.

Santos sublinhou que os presidentes dos países amazônicos, incluindo o Brasil e a Colômbia, precisam chegar a um consenso sobre como manejar a exploração de recursos na região. Ele observou que tanto o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto o presidente colombiano, Gustavo Petro, têm argumentos válidos e inválidos sobre a questão. Enquanto a exploração de petróleo pode trazer benefícios econômicos a curto prazo, a longo prazo, ela prejudica o mundo inteiro devido aos impactos climáticos adversos.

Além disso, Santos enfatizou que a luta contra o crime organizado é essencial para o sucesso das políticas de conservação. Ele apontou que cartéis do México estão expandindo suas operações na América Latina, incluindo a Amazônia. Esse domínio criminoso representa um grande obstáculo para os esforços de preservação e requer uma resposta multinacional coordenada. “A luta contra o crime organizado e a mudança climática devem ser esforços conjuntos”, afirmou Santos.

Juan Manuel Santos, vencedor do Nobel da Paz em 2016.
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Vencedor do Nobel fala sobre biodiversidade e mudança climática

Santos defende a integração das conferências de biodiversidade e clima, como a COP 16, que será realizada na Colômbia, e a COP 29, no Azerbaijão. Ele argumenta que essas questões são interdependentes e que o sucesso em uma área é crucial para o progresso na outra. “Se não há progresso em proteger a biodiversidade, a luta contra a mudança do clima fracassa”, disse ele.

Ele ressaltou que as decisões tomadas nessas cúpulas devem se traduzir em ações concretas, não apenas em discursos. Com a Amazônia à beira de um ponto de não retorno devido ao desmatamento e às mudanças climáticas, é vital que todos os países façam um esforço significativo para reverter essa tendência. Santos destacou a urgência dessa questão e a necessidade de ações imediatas e coordenadas.

O papel das novas gerações e da comunidade global

Santos também refletiu sobre a importância de engajar as novas gerações na luta contra a crise climática. Ele mencionou sua experiência com a comunidade indígena kogis, que enfatizou a necessidade de uma relação espiritual com a natureza. Segundo eles, enquanto os seres humanos não tratarem a natureza como iguais, não haverá verdadeira paz ambiental.

A base científica dos “Planetary Guardians”, grupo do qual Santos faz parte, mostra que já ultrapassamos várias fronteiras planetárias críticas. Santos acredita que a conscientização e o engajamento dos jovens são fundamentais para promover mudanças duradouras. “Os jovens têm o poder de mudar. São eles que vão sofrer”, declarou ele, reforçando a importância de uma mensagem clara e compreensível sobre a crise climática.

Com sua experiência e visão, Santos continua a advogar por políticas que equilibrem desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental, destacando que a preservação da Amazônia é essencial não só para a região, mas para o equilíbrio climático global.