El Niño dá sinais de despedida, mas cientistas já preveem La Niña

O fenômeno climático El Niño, conhecido por elevar as temperaturas globais, está previsto para ceder espaço ao La Niña ainda em 2024, segundo a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). Este último, caracterizado pelo esfriamento das águas do Pacífico, pode começar a influenciar o clima entre julho e setembro. Estas previsões são baseadas em uma combinação de modelos estatístico climáticos.

El Niño vai embora e La Niña se aproxima

El Niño, que ocorre a cada dois a sete anos, é marcado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região equatorial. Este aquecimento impacta a circulação das correntes marítimas e massas de ar, gerando efeitos climáticos diversos globalmente. Segundo Michelle L’Heureux, cientista do Climate Prediction Center, o fenômeno pode intensificar chuvas e secas em várias regiões.

Recentemente, um relatório do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) destacou que El Niño, atualmente classificado como forte, deverá enfraquecer nos próximos meses, abrindo caminho para o La Niña no segundo semestre. Esse relatório mensal é crucial para orientar decisões governamentais, especialmente em áreas como a agricultura.

La Niña, por outro lado, é o fenômeno inverso do El Niño e é caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico. No Brasil, ele geralmente traz chuvas intensas para as regiões Norte e Nordeste, enquanto no Sul pode provocar elevação de temperaturas e secas. A meteorologista Estael Sias, da MetSul, relembra que o La Niña pode intensificar ondas de frio e calor, dependendo da região.

A NOAA indica que El Niño deve manter sua influência até maio de 2024, seguido por um período de neutralidade climática antes do surgimento do La Niña. Estael esclarece que não é raro haver sobreposições e repetições destes fenômenos.

Sob a influência de El Niño, o mundo experimentou recordes de calor, com 2023 sendo o ano mais quente já registrado, conforme relatório do observatório europeu Copernicus. A temperatura média do ano passado superou em 1,48 ºC a era pré-industrial, quebrando a marca de 1,5ºC estabelecida no Acordo de Paris.

Além disso, El Niño foi associado a eventos climáticos extremos, como ciclones extratropicais no Sul do Brasil e secas severas na Amazônia, culminando em queimadas e ondas de calor em diversas regiões do país. Este padrão climático mostra a relevância crescente de monitorar e entender estas alterações para mitigar impactos ambientais e sociais.