É isso que vai acontecer com o planeta se o El Niño sair do controle
Aproximadamente 252 milhões de anos atrás, a Terra experimentou um aquecimento abrupto causado pelo descontrole do El Niño. Durante um intervalo relativamente curto, de apenas algumas dezenas de milhares de anos, cerca de 90% das espécies se extinguiram.
Esse fenômeno de grande intensidade, que teve um impacto significativo no agravamento das condições climáticas da época, foi abordado em uma pesquisa recente, que foi originalmente divulgada no site de notícias acadêmicas The Conversation.
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A pesquisa foi realizada por Alex Farnsworth, que é pesquisador de meteorologia na Universidade de Bristol; David Bond, um cientista paleoambiental da Universidade de Hull; e Paul Wignall, professor de paleoambiente na Universidade de Leeds, todos no Reino Unido.
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Extinção de 252 milhões de anos atrás
A pesquisa revelou que os oceanos aqueceram rapidamente em regiões de baixas e médias latitudes, contrariando a tendência habitual de temperaturas mais amenas em áreas mais distantes dos trópicos, o que tornou o calor insuportável em diversas localidades.
Com o auxílio de um software sofisticado, as condições climáticas de 252 milhões de anos atrás foram simuladas, revelando que o clima daquela época já era suscetível a extremos de temperatura e precipitação. Isso se deve à formação do supercontinente Pangeia, que resultava em climas continentais rigorosos.
O oceano Pantalassa, que envolvia o supercontinente Pangeia, experimentava variações entre períodos quentes e frios, de forma semelhante ao fenômeno El Niño que observamos hoje. Com o início da atividade vulcânica na Sibéria e o aumento nos níveis de dióxido de carbono, esses episódios de El Niño se tornaram mais intensos e duradouros, causando impactos significativos na vida terrestre.
O aumento das temperaturas resultou em secas extremas e incêndios florestais, resultando na devastação das florestas tropicais e na diminuição da capacidade de retenção de carbono. Essa situação, por sua vez, agravou o aquecimento global e os fenômenos de El Niño.
(Des)controle do El Niño
Os eventos climáticos extremos começaram a se espalhar em direção aos polos, causando a morte de mais vegetação e a liberação adicional de carbono. Ao longo de milênios, as temperaturas extremas impactaram vastas regiões do planeta, afetando negativamente a vida marinha, em especial os organismos microscópicos que formam a base da cadeia alimentar.
No auge da crise, um fenômeno de El Niño intensificava o aquecimento global, fazendo com que as temperaturas médias aumentassem até 4°C, o que representa mais de três vezes o aumento registrado nos últimos séculos. Em algumas áreas terrestres, os picos diários de temperatura ultrapassavam os 60°C.
Eventos recentes de El Niño têm provocado alterações consideráveis nos padrões de temperatura e precipitação ao redor do Pacífico, levando a temperaturas recordes em 2023 e 2024. Contudo, não se espera que ocorra outra extinção em massa semelhante à que aconteceu há 252 milhões de anos.