O empresário Luciano Hang, conhecido como “Véio da Havan” e dono da rede de lojas Havan, expressou sua gratidão aos senadores brasileiros pela aprovação da taxação federal de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50. Hang acredita que essa medida ajudará a evitar a concorrência desleal com empresas chinesas que, segundo ele, driblam a Receita Federal.
Na noite do dia 5 de junho, Hang ligou para diversos senadores para agradecer pelo apoio à taxação. Um senador governista, que preferiu não ser identificado, relatou que Hang elogiou a medida como uma forma de proteger o mercado interno contra a concorrência de empresas chinesas, como Shein, AliExpress e Shopee. Durante a semana, Hang também enviou vídeos diretamente aos senadores pedindo a aprovação da taxação, uma abordagem que foi seguida por outros representantes da indústria e do comércio.
A defesa pública da taxação não foi exclusiva de Hang. Aliados do empresário e membros da base bolsonarista, como o senador Jorge Seif (PL-SC), ligado ao setor de pesca, defenderam a medida na tribuna. O ex-presidente Jair Bolsonaro também se envolveu na aprovação e incentivou sua base a apoiar a medida na Câmara dos Deputados na semana anterior.
Veja a seguir:
A trajetória da taxação aprovada pelo dono da Havan
O texto-base do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) foi aprovado no Senado sem a alíquota de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50, conhecida como “taxa das blusinhas”. O projeto, aprovado por 67 votos favoráveis, agora passará pela análise dos destaques, que incluem a possível reinclusão da taxação.
A votação no Senado foi retomada após adiamentos devido à falta de consenso sobre a retirada da “taxa das blusinhas”. O relator, senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), removeu a taxação do projeto, argumentando que ela era um “corpo estranho” ao conteúdo principal da proposta. No entanto, a articulação do líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), com o apoio de partidos como PSD e MDB, permitiu que o trecho fosse reinserido e aprovado.
O impacto e as expectativas do Mover
O Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) prevê R$ 19,3 bilhões em incentivos fiscais até 2028, visando estimular a produção de veículos mais limpos e com novas tecnologias de mobilidade e logística. Esta é uma das principais apostas do vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
O Mover foi inicialmente apresentado como uma Medida Provisória (MP), mas, diante da resistência da Câmara em analisar a MP, o Executivo optou por enviar um projeto de lei. A medida visa garantir a continuidade dos efeitos da MP, que perdeu a validade em 31 de maio, até a sanção do projeto de lei, evitando prejuízos ao setor automotivo.
Com a aprovação da taxação sobre compras internacionais, Hang acredita que haverá uma redução na concorrência desleal enfrentada por empresas brasileiras, permitindo um ambiente de negócios mais justo. A inclusão da “taxa das blusinhas” no Mover representa um esforço significativo para equilibrar as condições de mercado e proteger a indústria nacional.