Dólar: com uma nova alta de 2,05%, moeda norte-americana chega a R$5,35 em junho

O mercado cambial brasileiro continua a enfrentar uma série de desafios que têm pressionado o valor do real frente ao dólar. Recentemente, o dólar americano registrou uma nova alta significativa, avançando 2,05% em apenas dez dias de junho e atingindo a cotação de R$ 5,35. Essa tendência de valorização da moeda americana se deve a uma combinação de fatores externos e internos, que têm aumentado a percepção de risco e o estresse nos mercados emergentes.

Os principais fatores que impulsionaram o movimento de alta do dólar nos últimos dias estão ligados ao cenário internacional. A expectativa em torno da decisão de juros do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, tem gerado cautela entre os investidores. Com a possível alteração no ciclo de corte de juros, o mercado se mostra apreensivo, influenciando diretamente a valorização do dólar.

Adicionalmente, eventos como as eleições na Europa e a volatilidade política gerada por elas também contribuem para um ambiente de maior incerteza. Esse cenário global conturbado favorece a busca por ativos mais seguros, como o dólar, e impacta negativamente as moedas de mercados emergentes, incluindo o real.

Segundo o estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, a dinâmica de valorização do dólar é impulsionada principalmente por fatores externos. A recente desvalorização do real, embora tenha componentes técnicos locais que poderiam beneficiar a moeda brasileira, foi amplamente ofuscada pelos desenvolvimentos internacionais.

Dólar.
(Reprodução/Internet)

Impactos Locais e Expectativas Futuras para o dólar

Internamente, o Brasil também enfrenta desafios que contribuem para a fragilidade do real. A questão fiscal continua a ser um ponto de estresse significativo, com operadores do mercado não descartando a possibilidade de o cenário fiscal atuar como gatilho para o acionamento de mecanismos de “stop loss”. Isso acontece quando operações são encerradas automaticamente após atingirem determinadas perdas, exacerbando a desvalorização do real.

Em maio, a Armor Capital abriu posição comprada em dólar contra a moeda brasileira, em resposta ao aumento do prêmio de risco no Brasil e aos dados desfavoráveis de fluxo cambial. Alfredo Menezes, sócio e diretor de investimentos da Armor, observa que a desvalorização do real já foi significativa, mas não descarta a possibilidade de o dólar alcançar R$ 5,60 até o final do ano. Fatores como a queda no preço da soja e os riscos de quebra de safra são apontados como contribuições negativas para a balança comercial brasileira.

Perspectivas para o Mercado Cambial

Apesar do cenário atual de valorização do dólar, existe a possibilidade de recuperação do real caso novos gatilhos de desvalorização não se materializem. Luciano Rostagno acredita que, se não houver novos fatores de pressão, as moedas emergentes, incluindo o real, poderão buscar recuperação. O exportador brasileiro, por exemplo, pode aproveitar a desvalorização recente para internalizar capital.

Ainda assim, a visão predominante no mercado é de cautela. A Armor Capital, por exemplo, menciona que cerca de 70% do ajuste necessário do real já foi realizado, mas a sazonalidade negativa para o câmbio no último trimestre do ano e os desafios externos mantêm os investidores em alerta.

Com a posição comprada em dólar contra o real alcançando níveis históricos no mercado de derivativos, as incertezas permanecem elevadas. A situação fiscal doméstica e os desenvolvimentos globais continuarão a ser monitorados de perto pelos investidores, influenciando a trajetória do câmbio nos próximos meses.