A recente crise no setor de arroz no Brasil tem gerado preocupação entre consumidores e autoridades. Com uma alta de mais de 20% no preço do grão em um ano, o governo federal está tomando medidas para importar arroz estrangeiro e tentar estabilizar o mercado interno. Entenda os fatores que levaram a essa situação e as estratégias adotadas para mitigar seus efeitos.
As condições climáticas adversas desempenharam um papel crucial na atual crise do arroz. O Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional, enfrentou três anos consecutivos de La Niña, seguidos por enchentes causadas pelo El Niño em 2023. Essas condições climáticas extremas resultaram em secas e inundações que prejudicaram significativamente a produção de arroz no estado.
Além dos desafios climáticos, os custos de produção do arroz dispararam. Em Uruguaiana (RS), por exemplo, o custo chega a R$12 mil por hectare, enquanto o cultivo de soja custa menos da metade desse valor. Isso levou muitos produtores a abandonarem o plantio de arroz em favor de culturas mais rentáveis, como soja e milho. O aumento nos custos de insumos como adubo e agrotóxicos também contribuiu para a decisão de mudar de cultivo.
Veja a seguir:
Aumento dos Preços e Impacto no Consumidor
Com a oferta de arroz prejudicada, os preços dispararam. Em maio, durante as enchentes no Rio Grande do Sul, o preço do arroz subiu 1,4% em relação ao mês anterior, com algumas regiões experimentando aumentos ainda mais expressivos. Em supermercados de São Paulo, o preço do pacote de 5 quilos de arroz subiu de R$20 para R$30 em um ano, impactando diretamente o consumidor final.
Especialistas apontam que o aumento nas cotações internacionais também influenciou os preços internos. A Índia, que responde por 35% do comércio global de arroz, suspendeu suas exportações em 2022 para controlar os preços internos. Essa decisão elevou os preços do arroz no mercado internacional, com o arroz asiático, que baliza os preços globais, subindo 46,5% e, consequentemente, influenciando os preços no Brasil.
Medidas do Governo para lidar com a crise do arroz
Para enfrentar a crise, o governo brasileiro aumentou a projeção de importação de arroz de 1,4 milhão para 2,2 milhões de toneladas. Essa medida visa evitar um aumento excessivo de preços devido a possíveis problemas de oferta e distribuição. Com a importação, o Brasil espera acumular 13,1 milhões de toneladas de arroz no mercado interno, suficientes para atender a demanda.
Além disso, o governo planeja estimular o plantio de produtos básicos da alimentação brasileira, incluindo o arroz, no próximo Plano Safra. Contratos de opções serão utilizados para incentivar os produtores a investir novamente na cultura do arroz.
Enquanto isso, o mercado internacional permanece atento às decisões do governo indiano, que deve anunciar em breve se continuará bloqueando as exportações de arroz. Essas decisões terão um impacto significativo nas cotações globais e, por consequência, nos preços internos do arroz no Brasil.