Como o governo conseguirá o dinheiro para as devoluções às vítimas da fraude do INSS?

Nos últimos anos, muitos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foram surpreendidos por descontos não autorizados em seus benefícios. 

Entre 2019 e 2024, estima-se que cerca de R$ 5,9 bilhões foram retirados de forma irregular, levando o governo a tomar medidas para corrigir a situação e ressarcir os prejudicados.

O processo de devolução começou em maio, com um reembolso inicial de R$ 292 milhões, referente a descontos realizados em abril. 

Este valor foi retirado dos recursos da Previdência Social, uma vez que a folha de pagamento já havia sido processada antes da suspensão dos descontos associativos.

Quais são os desafios para o ressarcimento total?

Um dos principais desafios enfrentados pelo governo é calcular com precisão o valor descontado de cada beneficiário. Além disso, é necessário encontrar fontes de financiamento para cobrir o montante total a ser devolvido. 

Uma das soluções em análise é a utilização de recursos bloqueados de associações investigadas, que somam mais de R$ 2 bilhões. Se esses recursos não forem suficientes, o governo considera a possibilidade de utilizar verbas da própria Previdência. 

O orçamento de 2025 prevê R$ 972 bilhões, dos quais R$ 2,36 bilhões estão destinados a despesas discricionárias, permitindo reforçar o orçamento do INSS sem recorrer a crédito extraordinário.

Como os beneficiários podem verificar e contestar descontos?

Os beneficiários que suspeitam de descontos indevidos podem utilizar o portal Meu INSS para verificar e contestar essas cobranças. O procedimento envolve os seguintes passos:

  1. Acessar o Meu INSS com CPF e senha.
  2. Procurar a opção “consultar descontos de entidades”.
  3. Verificar a existência de descontos e indicar se foram autorizados.
  4. Fornecer e-mail e telefone para contato.
  5. Confirmar a veracidade das informações e enviar a declaração.

Após a contestação, a entidade responsável pelo desconto tem 15 dias úteis para comprovar a autorização. Caso contrário, deve devolver o valor ao INSS, que repassará aos beneficiários.