Pesquisadores analisaram os padrões climáticos que geram as violentas tempestades de areia em Marte, um fenômeno que pode englobar vastas regiões do planeta e durar dias. O principal objetivo do estudo foi dar o primeiro passo para prever essas condições extremas e oferecer suporte no planejamento de rovers e nas futuras expedições a Marte, que podem ser afetadas por essas tormentas.
A partir de dados coletados pelo satélite Mars Reconnaissance Orbiter, da NASA, os cientistas identificaram dois padrões principais das tempestades de areia em Marte: um aumento súbito na temperatura da superfície, que ocorre antes de aproximadamente 68% dos fenômenos, e a periodicidade dessas tempestades na segunda metade do ano marciano, que tem duração de 687 dias terrestres.
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Tempestades de poeira
Heshani Pieris, pesquisadora de pós-graduação na Universidade do Colorado, explicou que o aquecimento da superfície do planeta vermelho provoca a instabilidade na camada atmosférica logo acima dela, o que facilita a elevação da poeira. Em 2018, uma tempestade de areia causou o soterramento dos painéis solares do rover Opportunity, da NASA, resultando em sua paralisação.
No entanto, os cientistas destacaram que as tempestades de areia em Marte não possuem a intensidade mostrada no filme “Perdido em Marte” (2015), com Matt Damon. Embora a trama apresente uma tempestade tão forte que pode derrubar antenas parabólicas e arremessar astronautas para o alto, os especialistas afirmam que tal fenômeno está longe de ser realista.
Este estudo representa um avanço inicial significativo na previsão das condições climáticas de Marte, algo semelhante ao que realizamos aqui na Terra. No futuro, os cientistas esperam conseguir analisar dados em tempo real do planeta e prever com maior precisão os eventos climáticos. De acordo com Pieris, as tempestades de poeira em Marte costumam ocorrer após um aquecimento intenso da superfície, com 78% dos fenômenos se manifestando nessas condições.
Temperatura de Marte
Pieris e Paul Hayne analisaram dados de oito anos, ou 15 anos terrestres, obtidos pelo Mars Climate Sounder da NASA. Focando nas tempestades de poeira dos tipos “A” e “C”, que se originam no hemisfério norte de Marte, a pesquisa revelou que 80% das tempestades ocorrem após períodos de aquecimento intensivo na superfície, que pode atingir até 20 ºC.
Embora o aquecimento não seja a causa direta das tempestades, a correlação é significativa. A partir desses dados, os cientistas desenvolveram um algoritmo que prevê tempestades do tipo A ou C com 64% de precisão. No entanto, ainda há muitas questões em aberto, como as causas de tempestades menores e a física envolvida no início desses eventos.