Com a tragédia climática no Rio Grande do Sul (RS), o ex-presidente Jair Bolsonaro minimizou a situação e aproveitou a ocasião para propagar notícias falsas e desinformação sobre a crise climática através de suas redes sociais.
Em 9 de maio, o ex-presidente utilizou suas redes sociais, sobretudo o X (antigo Twitter), para questionar as medidas que estão sendo tomadas pela gestão atual para conter a crise climática que atinge o estado do Rio Grande do Sul, sendo a maior tragédia já registrada no estado e que está sendo marcada pelo sofrimento do povo gaúcho devido as fortes chuvas e as enchentes, que deixaram milhares de pessoas desabrigadas.
Atualmente, Jair Bolsonaro está internado para tratar uma infecção na perna, mas ainda teve a oportunidade para espalhar desinformação e zombar da situação atual do RS, que é precária e o estado decretou calamidade pública.
Segundo ele, dito de forma irresponsável, as “problemáticas climáticas” são “pura desinformação” e estão sendo utilizadas pelo Governo Federal para manipular a população. Além disso, ele expõe teorias conspiratórias, indo contra os alertas de cientistas em relação às mudanças climáticas que atingem o Brasil e o mundo, espalhando desinformação na internet.
Consequências das fake news
A distorção da realidade é perigosa e pode colocar a vida de pessoas em risco. O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski está na linha de frente no combate às fake news e conteúdos falsos publicados na internet, que prejudicam os trabalhos de resgate das enchentes no Rio Grande do Sul.
“Isso é muito grave, realmente, porque as forças de segurança e de resgate estão sendo prejudicadas pelas fake news. São crime. Sobretudo quando obstrui o trabalho das autoridades. Isso está sendo devidamente apurado pela Polícia Federal. Nós estamos atentos e vamos reprimir com toda força da Lei essas notícias falsas que estão sendo veiculadas”, declarou o ministro após uma onda de fake news sobre a tragédia vinda de políticos e usuários apoiadores de Bolsonaro.
A recomendação é que a população busque por informações verdadeiras, vindas de portais jornalísticos e com apuração detalhada sobre o que está acontecendo.
Vale lembrar que, durante o governo Bolsonaro, houve uma intensificação das pressões sobre o meio ambiente, conforme apontam diversos dados. O mandato foi caracterizado por níveis elevados de desmatamento e queimadas na Amazônia, superando recordes anteriores. Em adição, houve uma redução significativa na atuação dos órgãos de fiscalização ambiental, juntamente com o enfraquecimento das políticas públicas voltadas à proteção ambiental.
Situação no Rio Grande do Sul
Duas mortes foram confirmadas no Rio Grande do Sul nesta segunda-feira (13), elevando para 147 o número de vítimas dos temporais e enchentes que assolam o estado desde o final de abril. Segundo a Defesa Civil, 127 pessoas ainda estão desaparecidas e 806 ficaram feridas. A situação deixou 617 mil pessoas desalojadas, com 79,5 mil em abrigos e 538 mil em casas de amigos e parentes.
Embora a intensidade das chuvas esteja diminuindo, os níveis de rios e lagos continuam subindo, causando preocupação. As áreas mais afetadas incluem a Região Metropolitana de Porto Alegre, Sul, Vales e Serra. O aumento do nível da Lagoa dos Patos é motivo de apreensão na Região Sul, onde o Canal São Gonçalo, em Pelotas, atingiu 2,88 metros, igualando a marca da enchente de 1941.
O Rio Taquari, que deságua no Guaíba, ultrapassou os 26 metros em Lajeado, enquanto o Rio Caí, já em cota de inundação, deve apresentar elevações significativas, provocando inundações severas, de acordo com a Defesa Civil estadual. Eldorado do Sul foi uma das cidades afetadas pelas inundações.
A previsão da Climatempo indica temporais para as regiões da Serra, Litoral Norte e Norte nesta segunda-feira. Por enquanto, o tempo permanece firme entre terça-feira (14) e quarta-feira (15), mas com queda de temperatura, podendo ocorrer geada em algumas regiões. A chuva deve retornar na quinta-feira (16).
Dados registrados pela Defesa Civil:
- Municípios afetados: 447
- Pessoas em abrigos: 79.540
- Desalojados: 538.241
- Afetados: 2.115.703
- Feridos: 806
- Desaparecidos: 127
- Óbitos confirmados: 147
- Pessoas resgatadas: 76.470
- Animais resgatados: 10.814