BCE reduz juros em 0,25 pontos pela primeira vez desde 2019

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma redução histórica em suas taxas de juros, marcando o primeiro corte desde setembro de 2019. A medida, que diminui as taxas em 0,25 ponto percentual, reflete uma mudança significativa na política monetária da instituição, que havia mantido as taxas inalteradas por várias reuniões consecutivas desde setembro de 2023. Com essa decisão, a taxa de refinanciamento caiu para 4,25%, a taxa de depósitos para 3,75% e a taxa de empréstimos marginais para 4,5%.

A decisão do BCE foi amplamente esperada pelo mercado, após diversos sinais dados pela presidente Christine Lagarde e outros membros do BCE ao longo do ano. Em reuniões anteriores, especialmente no encontro de Davos, Lagarde havia indicado que um afrouxamento monetário poderia ocorrer em junho, preparando o terreno para o anúncio atual. 

O corte nas taxas de juros é justificado por uma avaliação detalhada das perspectivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da eficácia da transmissão da política monetária. De acordo com o comunicado do BCE, a inflação na zona do euro tem mostrado sinais de desaceleração, com uma queda de mais de 2,5 pontos percentuais desde setembro de 2023. No entanto, as pressões internas sobre os preços permanecem altas, devido ao crescimento salarial elevado e a inflação ainda acima da meta de 2% ao ano.

Banco Central Europeu (BCE).
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Impactos esperados e próximos passos do BCE

O BCE tem como objetivo principal garantir que a inflação retorne ao seu objetivo de médio prazo de 2% de forma oportuna. A decisão de reduzir as taxas reflete a necessidade de moderar o grau de restrição da política monetária, após um período de nove meses de taxas estáveis. A autoridade monetária afirmou que manterá as taxas diretoras em níveis restritivos pelo tempo necessário para alcançar esse objetivo, e que continuará a adotar uma abordagem dependente dos dados, avaliando a situação de reunião a reunião.

Durante a coletiva de imprensa, Christine Lagarde destacou que, apesar dos progressos, ainda há desafios significativos. O BCE prevê uma inflação global média de 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026. Para a inflação subjacente, as previsões são de 2,8% em 2024, 2,2% em 2025 e 2,0% em 2026. Essas projeções indicam um caminho de desaceleração, mas apontam para a necessidade contínua de uma política monetária cuidadosa e ajustada.

Contexto econômico e resposta do mercado

A decisão de cortar as taxas de juros ocorre num contexto econômico complexo, onde a zona do euro enfrenta desafios tanto internos quanto externos. A trajetória de crescimento do PIB está estimada em 0,9% para 2024, 1,4% para 2025 e 1,6% para 2026, refletindo uma recuperação gradual. O mercado financeiro recebeu a decisão com uma resposta mista, avaliando os impactos de curto e longo prazo desta medida.

Os analistas acreditam que novos cortes nas taxas podem ser sinalizados em futuras reuniões de 2024, dependendo da evolução dos dados econômicos. A flexibilidade e a dependência dos dados são cruciais para a estratégia do BCE, que busca equilibrar a necessidade de estimular a economia sem comprometer a estabilidade de preços.

Com essa redução, o BCE demonstra seu compromisso em ajustar suas políticas para apoiar a economia da zona do euro, ao mesmo tempo em que mantém um foco firme na estabilização da inflação. As próximas reuniões e os dados econômicos subsequentes serão determinantes para os futuros passos da política monetária do BCE.